Capítulo L

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Aiala ardia em chamas, as labaredas tinham por coloração a mistura de preto e púrpura, sendo púrpura a mais predominante.  A garota urrava, os amigos tentavam chegar até ela e os ciclopes… bem, os ciclopes estavam calmos. Após alguns instantes as chamas subitamente desapareceram, as pernas de Aiala fraquejaram e ela pareceu que ia cair, mas colocou o pé direito na frente apoiando o peso do corpo e evitou a queda, seus braços pendiam nas laterais de seu corpo sem forças para serem erguidos. A garota já não gritava ou emitia qualquer som, com a cabeça baixa fitava o chão. 

- Meus parabéns! - Disse Brontes. - O bracelete não te rejeitou. 

- Isso é realmente inesperado, quem diria que um humano seria capaz de suportar o processo de assimilação. - Comentou Estéropes enquanto soltava Nikolaus. 

O rapaz foi para junto de Aiala sem exitar, mas parou diante dela com a mão estendida, desistiu de tocá-la no último minuto, a garota parecia se esforçar para se manter de pé e encostar nela poderia fazê-la ceder. Nikolaus sentia que o orgulho dela deveria ser preservado e por isso se refreou. Em vez disso, se colocou ao lado dela sutilmente para que ela pudesse se apoiar nele. 

- O que significa isso? - Questionou ele. Precisava arrumar tempo para que a líder do grupo se recuperasse o suficiente para falar sem parecer fraca. - A julgar por suas atitudes já sabiam que isso aconteceria. 

- De fato, já sabiamos. - Falou Arges. - Isso também aconteceu com o primeiro dono do bracelete. Essa jóia se vincula a alma do usuário e a alma da arma, se alguém tentar usar a arma sem portar o bracelete vai queimar até desaparecer completamente do cosmos, tanto sua carne quanto sua alma, mesmo um deus não pode burlar essa regra. 

- Por que não falaram que seria assim? - Questionou Íris. - Ela parecia que estava morrendo. 

- E estava. - Disse Brontes. - Mas no último segundo o bracelete a aceitou. 

- Porque nos impediram de tocar nela? - Dídimo falava baixo, mas era quando estava possesso que falava de forma mais tranquila e suave possível. 

Ele parecia lutar para manter o controle, ele não estava mais com medo dos gigantes e se aquelas criaturas representassem uma ameaça ele perderia a razão e lutaria mesmo sem chance de vencer. Aiala era como uma irmã para ele e ele não estava disposto a perdoar quem fere sua família. 

- Vocês morreriam. - Disse Estéropes. - Aquelas chamas consomem tudo que encosta nela, seriam reduzidos a nada em segundos. E supondo que a humana fosse capaz de suportar e ser aceita pelo bracelete, a última coisa que iríamos querer é a morte de vocês na consciência dela. Humanos são imprevisíveis quando ficam emotivos. 

- Já não importa, eu estou bem. - Disse Aiala aprumando o corpo, como se cada célula de seu corpo não estivesse gritando e a ponto de explodir. 

- Ôh!? Essa aqui é bem durona e tem uma vontade de ferro. - Disse Brontes antes de dar uma sonora gargalhada. 

- Tanto faz. - Disse ela sem humor. - Agora me diga como invocar a arma. 

- Não tão rápido! - Falou Arges. - Lhe diremos assim que você romper os dois selos. - E quando farei isso? - Na superlua que se aproxima, eventos celestiais enfraquecem o selo e nos deixa mais forte, é o dia ideal para guerrear contra os deuses. - Respondeu Estéropes. 

- Mas isso está muito longe, vai demorar seis meses até a superlua. - Falou Íris. 

A família de Íris adora a deusa Ártemis, deusa da caça e da lua, então sempre sabem sobre as mudanças da lua e até possuem mapas para isso. A ruiva baseou sua resposta considerando que tinham entrado no mundo inferior à alguns dias atrás. 

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora