Capítulo XXXV

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"Deixai toda esperança, vós que entrais!"
- A divina comédia.

O servo se aproximou e lhes instruiu a comparecer à mansão na noite do dia seguinte, não se fazia necessário explicar como chegar lá visto que não havia como errar o caminho, uma vez que terminou de falar, o pomposo servo foi embora. Agora o quarteto se encontrava em maus lençóis, mas apenas dois deles sabiam o quanto. 

- Imagino  que dar um bolo nela não seja uma opção. - Disse Íris.

 Nickolaus olhava para o nada e Aiala estava perdida em seus pensamentos, possivelmente traçando seus próximos passos cuidadosos.

 - A situação é preocupante, mas vocês estão agindo muito estranho. - Falou Dídimo. - Tudo bem que aquela é alguém que adoraria ter a cabeça de Aiala, mas não é como se ela já não tivesse passado por isso antes.

 - Por que mentiu sobre o seu nome? - Aiala perguntou para Nickolaus.

 - Qual você acha que foi o motivo? - Devolveu ele. 

- Ela não conhecia seu rosto, mas parece que até você se surpreendeu com esse fato. - Fez uma pausa. - O que significa que ela já lhe viu pessoalmente, mas não se lembrou de você agora.

 - Precisamente. - Falou o homem. - Dizer o meu nome poderia se tornar o gatilho que a faria lembrar de mim, saber que estou vivo a levaria a começar a me investigar, tenho certeza de que encobri bem os meus rastros, mas se tratando da Febe é melhor não arriscar. 

- Uma jogada inteligente. - Comentou Íris. 

- É cedo demais para relaxar. - Falou Dídimo pensativo.

- Ela não me reconheceu hoje, nos encontramos por breves minutos, mas amanhã a história é outra. - Argumentou Nickolaus.

- Poderíamos não levá-lo conosco amanhã? - Perguntou Dídimo.

- Isso sequer é uma opção, ela desconfiará da ausência dele. - Disse Aiala.

- E de onde vem essa certeza? - Pergunta Íris. 

- Eu olhei nos olhos dela. - Disse Aiala dando de ombros e por mais incrível que possa parecer para outras pessoas, para o grupo aquilo era mais que o suficiente. 

- Ainda temos outro problema. - Pontuou Dídimo. - Existe a possibilidade de termos que deixar a cidade às pressas amanhã a noite e não poderemos simplesmente sair por aí procurando a entrada para o mundo inferior enquanto corremos de um exército. 

- Vai ser difícil, mas temos que encontrar o local antes da noite de amanhã. - Constatou Íris com um suspiro. 

- Ora ora! Alguém finalmente está usando o cérebro. - Provocou Dídimo. 

- Cala a boca, moleque irritante. - Devolveu Íris.

O grupo teve que se dividir, Íris ficou responsável por procurar um lugar para passar a noite antes de se juntar ao grupo na busca. Os outros três se dividiram e cada um foi para um lado da cidade, Aiala foi para o Norte, Dídimo para o Sul, Nickolaus foi para o Leste e Íris ficaria com o Oeste. A corrida contra o tempo começou, eles deviam procurar a entrada para os domínios de Hades, tudo que eles tinham era descrições deixadas em lendas nas quais humanos ou semi-deuses entraram ainda vivos no submundo. Eles deviam procurar por fendas esquisitas, lugares que liberassem gazes estranhos e de aparência perigosa ou até mesmo lugares que a  população rotulou como amaldiçoados e evitam veemente chegar perto. A pausa para a refeição e reunião estava agendada para a terceira hora da tarde, eles se encontrariam na praça central e comeriam na primeira taberna que aparecesse, deviam poupar o máximo de tempo para a busca e fazer relatórios rápidos e precisos. Ao anoitecer foram até a hospedaria escolhida por Íris, mas não obtiveram sucesso naquele dia, comeram e dormiram ou pelo menos tentaram dormir, porém antes do raiar do dia voltaram a procurar.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora