Capítulo XV

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"Quem faz da maldade um bumerangue não pode reclamar quando ela volta".
- Cesar MC

Naquele mesmo dia Aiala deixou a cidade, seu corpo cansado exigia que ela pagasse de imediato o preço por usar aquela técnica, tudo doía. Seu cavalo e fiel amigo, esperou com paciência até que  sua dona conseguisse monta-lo, ela o fez com dificuldade. O inverno mostrava suas garras e a viagem seria longa, mas isso não era de todo algo ruim, ela usaria esse tempo para recuperar seu corpo e aprimorar sua técnica o máximo que o  tempo permitisse. Seu próximo e último alvo estaria em Epidauro, não havia informações suficientes sobre as habilidades do inimigo, mas ele era o líder e sendo o lider é natural supor que é alguém forte.

Que a viagem levaria tempo a garota já sabia, mas ela não podia prever que se arrastaria tanto. Parou várias vezes no caminho em vários vilarejos, o frio se tornou aterrador em certo ponto e seria demasiada crueldade fazer seu cavalo avançar mesmo sabendo que isso significaria a morte para ele. Quando finalmente chegou em Epidauro o Inverno já estava indo embora e a primavera dava os primeiros sinais de boas vindas.

Epidauros se situava na Argólida, às margens do mar Egeu e seu povo adorava Asclépio, deus da Medicina. Era uma cidade bela, um ótimo lar para estudiosos e muito conhecida pelos bons vinhedos, porém também era um lugar onde iam pessoas doentes de toda a Grécia.

A cidade estava sempre cheia, desânimo se abateu sobre Aiala ao pensar que seria quase impossível encontrar quem ela procurava, contudo o inesperado aconteceu pouco depois dela se estabelecer em uma hospedaria. A garota tinha acabado de chegar na praça central quando acidentalmente se bateu em alguém, ela não olhou para o rosto da pessoa de imediato e em vez disso se desculpou apressadamente e continuou a caminhar, mas após ter dado cerca de três passos algo lhe ocorreu... O cheiro. O cheiro que sentiu trouxe rapidamente para ela um flash de memória, uma memória que estava gravada em sua carne, ossos e alma. A pessoa com quem se bateu estava naquele maldito quarto.

No segundo em que sentiu o cheiro, Aiala prontamente se virou bem a tempo de ver de costas o homem que seguia caminhando tranquilamente. Sebastianós tinha cerca de 1,90 de altura, seus ombros eram largos e suas costas estava ereta, seu cabelo negro e fosco como carvão era curto, ele era musculoso e emanava uma aura de alguém que se orgulhova de sua força. Aiala o seguiu com cautela, não dava para advinhar o que a presa tinha na manga, fazia o melhor pra se esconder na multidão sem perdê-lo de vista.

Vê-lo fez com que a revolta da garota se reavivasse, ela sabia que ele não tinha participado do que fizeram à sua mãe, sabia que ele não tinha matado seu pai, sabia que não havia sido ele a assassinar de forma brutal o seu amado e único irmão, ela estava ciente de que ele não tinha ferido os irmãos encrenca e matado Pachis. Contudo Aiala também sabia que ele era o líder e não fez nada para evitar que aquilo acontecesse, ela sabia que ele a perseguiu mesmo sabendo o custo e isso não podia ser perdoado, um líder deve assumir a responsabilidade.

Sebastianós parecia distraído, caminhava sem olhar para lugar algum além do que havia à sua frente, até que finalmente parou na frente da loja de um boticário, o que ele tinha ido fazer alí? Para Aiala não importava, talvez tivesse ido comprar ingredientes para fazer algum veneno. Ele não demorou a sair portando um saco em suas mãos, olhou brevemente o conteúdo do saco e caminhava retornando pelo mesmo caminho que veio.

A garota continuou a segui-lo até que ele entrou em uma hospedaria que ficava no lado oposto da  rua, em frente ao local onde ela estava se hospedando.

- O destino é mesmo algo engraçado. - Murmurou pra si enquanto observava de longe o homem adentrar o estabelecimento.

Aiala entrou no lugar onde estava ficando e foi até o quarto, ela precisava verificar uma coisa, chegando em seus aposentos abriu vagarosamente a janela e constatou o que suas suspeitas apontavam. Do outro lado da rua tinha uma janela aberta e no interior do cômodo estava Sebastianós.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora