Aiala: A Noiva do deus do mar

Capítulo XL

A primeira coisa que Aiala pensou quando estava prestes a despertar foi "quente", a sensação era a mesma de entrar em uma banheira de água quente após lutar com as mãos nuas contra uma fera, era relaxante e devido a isso o corpo antes tenso amoleceu. Aos poucos a consciência da garota foi retornando e ela finalmente começou a abrir os olhos lentamente, a primeira coisa que ela viu foi a face cansada de Nikolaus. Ele dava o melhor de si para continuar segurando-a em seus braços, usar um poder que mal havia treinado para usar foi desgastante e ele sequer estava confiante de que  conseguiria ficar de pé, mas repetia para si mesmo que tentaria fugir com Aiala em suas costas se fosse necessário. 

- Estou no limite, consegue se sustentar sozinha? - Ele perguntou. 

- Como você se mexeu? - Aiala questionou. Era curioso alguém conseguir se opor a lei do salão de Julgamento.

- Essa é a primeira coisa que pergunta depois de quase morrer? - O sorriso de Nikolaus era cansado, mas a garota vislumbrou vividamente o menino que a tirou daquele pesadelo. - Depois eu te conto. - Garantiu. - Agora temos que arranjar um jeito de fugir daqui. - Sussurrou.

Mas antes que Aiala pudesse dizer qualquer coisa, um homem surgiu do nada em um dos cantos do salão. Quem será o novo visitante?

O homem em questão trajava uma túnica branca e calçava sandália com pares de asas embutidas nelas, em sua cabeça levava um elmo. Em sua mão trazia um item que o identificava como o que ele é, um deus e não apenas qualquer deus, seu Caduceu* que havia sido presente de seu irmão Apolo denunciava que se tratava do deus Hermes*, mas isso nem de longe era o que mais chamava atenção alí. O olhar de Éaco ia de Nikolaus para o deus e compreensão surgiu em seus olhos, agora tudo fazia sentido, a semelhança era extrema. Hermes é o deus da velocidade e do comércio, dos mágicos e adivinhos, da sorte, mas também é o deus dos ladrões e trapaceiros. Estes últimos são  bem a sua cara, afinal, assim que nasceu roubou cinquenta novilhas de seu irmão Apolo e o enganou para conseguir escapar do castigo, mas isso é assunto para outra ocasião. 

Quanto a Nikolaus, se resignou a não cruzar o olhar com o deus, aquela era a última pessoa que ele queria ver agora. 

- A que devemos a honra de sua visita, Lorde Hermes? - Perguntou Radamanthys. 

- Trago uma mensagem de Hades, ouçam atentamente porque não repetirei. - Falou sem cerimônia e os juízes assentiram. - " O que estão fazendo com minha convidada? Fui capaz de ouvir os gritos dela daqui, entendo que queiram dar calorosas boas vindas, mas se comportem. Desde quando eu ordenei que julgassem um humano que ainda vive? Não sabem quem ela é? Querem comprar uma briga com Poseidon? Saibam que não tomarei posição em favor de vocês se aquele rabugento decidir causar problemas. Deixe-os ir, não vou repetir." 

- Esse é o nosso Lorde, agindo como bem quer como sempre. - Resmunga Éaco. 

Atitudes como essa acabavam facilitando a entrada de intrusos mal intencionados. 

- Ele só vai mudar quando algo assim acabar desencadeando uma guerra. - Disse Minos. 

- O recado está entregue. - Disse Hermes. - Quanto a Visitante ele disse o seguinte: " aguardo ansiosamente por uma vista… se você sobreviver até lá, é claro. Venha me ver quando terminar o que veio fazer aqui.". 

Aiala não respondeu nada, ela se perguntava se Hades havia descoberto os seus planos. O deus não costumava se meter nos assuntos do Olimpo e há quem diga que ele se recente por ter ficado com o que seria a pior parte na divisão dos territórios entres os três deuses maiores. Mas se ele sabe sobre os planos dela, por que não a impede enquanto ela está em seus domínios?