"Atravessando o mar com uma
mutidão de pessoas comuns
uma moeda pra entrar
nesse mar onde não pode nadar."- Kamaitachi
( Limbo do menino sem olhos).
O quarteto corria velozmente, afim de manter uma distância que evitasse conflito e os mantivessem fora de vista, não seria nada bom que aqueles homens os seguissem para dentro do submundo e eles tinham esperança de que uma vez que eles estivessem perto da caverna cuja lenda trazia mau agouro, os perseguidores desistiriam. Dídimo ia na frente guiando o grupo, seguido por Íris que ia logo atrás, por Nickolaus que vinha atrás dela em prontidão e por último vinha Aiala pastoreando o rebanho.
Eles adentraram a mata sem exitar e continuaram a correr rumo a caverna, nas proximidades dela, apanharam rapidamente suas poucas coisas e se atiraram para dentro da montanha. No instante em que entraram no lugar os sons dos latidos dos cães, bem como a gritaria dos perseguidores, cessaram por completo, assim como antes, não havia som dentro da caverna. A sensação que haviam vivenciado na primeira vez que estiveram alí surgiu do nada e com intensidade, Aiala correu e tocou cada um dos integrantes no instante em que o anel começou a aquecer em seu dedo. Eles avançaram para o interior da caverna e logo chegaram ao portal, Dídimo evitava a todo custo olhar para as ossadas daqueles que ousaram pisar naquele lugar antes deles e como ele, ninguém se atreveu a ler novamente o que estava escrito alí.
Se forçar a passar pelo portal não foi tarefa fácil, aquela não era uma questão de coragem, o corpo deles gritava para que fugissem dali e aquilo era razoável, afinal aquele não era um lugar para onde os vivos deveriam ir. O grupo seguiu por um corredor escuro e frio, não haviam tochas nem nenhum outro tipo de iluminação, apenas sua experiência e instinto os impediam de esbarrar uns nos outros e os mantinham alertas a qualquer perigo. No fim do túnel eles avistaram de longe uma luz fraca e esverdeada, não parecia algo vindo do Sol, eles avançaram até chegar em ambiente espaçoso e puderam notar que a luz vinha de rochas nunca vistas antes que cobriam as paredes do lugar.
- E agora, Dídimo? Para que lado nós vamos? - Aiala perguntou enquanto olhava em volta. Ela estava mais tranquila do que esperava estar, talvez o fato de já ter visitado a casa de um deus antes tenha vindo a calhar.
- Espera aí! - Pediu ele olhando o mapa.
- Seu único trabalho é guiar, acelera aí, não quero ficar muito tempo aqui. Nem dá pra saber se estamos em baixo ou em cima e sinto que a qualquer momento a entrada por onde viemos vai sumir, se é que a gente vai sair dessa vivos. - Disse Íris.
- Quer vir guiar então? - Rebateu Dídimo. - Eu disse que o mapa era velho e difícil de ler, para piorar ele está em uma linguagem antiga, eu estou um pouco enferrujado.
- Não é querendo apressar, mas eu acho melhor não ficarmos parados em um lugar só por muito tempo, já ouvi falar bastante sobre as criaturas que moram aqui e não tenho o menor interesse em socializar com elas. - Comentou Nickolaus.
- Vocês falam demais. - Disse olhando para o mapa. - É pra direita.
- Tem certeza? - Perguntou Aiala.
- " Certeza" é uma palavra muito forte. - Respondeu enquanto caminhava à frente do grupo. - Devemos margear o rio até encontrar uma espécie de cais.
- Você disse cais? - Perguntou Aiala. - Não tem outro caminho não?
- Não, para entrar tem que passar pelo cais.
- Sinceramente também preferia atravessar nadando do que ter que encontrar com aquela coisa. - Disse Íris.
- Nem brinque com isso, esse é o rio Estige*. - Repreendeu Dídimo.
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Aiala: A Noiva do deus do mar
FantasyA vida é uma constante busca. Alguns buscam felicidade, outros satisfação pessoal, tem aqueles que buscam o romance e aqueles que buscam completude sem ele, há aqueles que buscam amor e há aqueles que buscam vingança. Aiala Kokkinos vive em uma Gré...