2012

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Janeiro de 2012.

Três anos se passaram desde o réveillon de 2009 e, com isso, muitas coisas aconteceram, onde consegui me encaixar em uma vida monótona de uma pessoa normal que segue uma rotina. Camilla com quinze anos, cabelo loiro e liso quase até a cintura, voltou a estudar e também arrumou emprego como manicure em um salão luxuoso em Copacabana. Pablo proibiu que saíssemos de sua casa, porque ele estava acostumado conosco e se sentiria sozinho. Já formado, administra a Low Club, e ,finalmente, se entregou a uma única mulher e já estava há seis meses com Sara. Com a mesma idade que eu, 21 anos, Sara estava terminando sua faculdade de nutrição, enquanto eu estava terminando o supletivo, com o objetivo de me formar em letras na faculdade. Ou não. Mudo de opinião muito rápido quanto a isso.

Ana faleceu em junho de 2011 e acho que Pedro chorou mais que Camilla. Aliás, tenho certeza. Ela apenas chorou no enterro, que foi de manhã, no mesmo cemitério onde está Mary. No final de agosto de 2011, Camilla começou a namorar um garoto chamado Nathan e acho que eles já terminaram cinco vezes, mas agora estão juntos novamente. Ele é romântico, parece ser um garoto legal, no pouco tempo que conversei com ele, mas Camilla o ignora a maior parte do tempo. Nathan é filho de uma das professorar de Camilla, dona Rita, e ele completou dezesseis anos no dia primeiro de Janeiro.

Vinte de Janeiro, decidi passar a noite com Pedro na Low Club e ele não trabalhava mais no bar, agora era sócio do Pablo. A boate era conhecida por ser alternativa, tocar gêneros POP em uma pista e na segunda tocar rock/indie/alternative, aceitava todo tipo de amor, tendo a presença de muitos homossexuais.

Enquanto eu dançava na frente de Pedro, com meu copo de Cuba Libre erguido sobre a minha cabeça, o mundo parecia dançar lentamente ao som de Maroon 5. Pablo estava conosco e sua amada Sara, até que os meninos foram se em um sofá reservado, próximo a pista. Sob os olhares deles, dançamos ao som de um remix de uma música de alguma nova boyband, a qual eu ainda não conhecia e, quando fomos ver, estávamos cantando o refrão que toda hora se repetia. Nossa dança foi interrompida por um homem que se aproximou nos oferecendo um drink verde. Rapidamente, Pedro e Pablo apareceram e o homem saiu levantando as mãos, dando a entender que nada estava fazendo.

“Ai que gracinha, com ciúmes!” –Eu disse, enquanto apertava a bochecha de Pedro.

Dei um selinho nele e virei o resto de bebida que ainda tinha em meu copo, restando apenas o gelo e limão. Meio tonta, me livrei do copo vazio deixando na mesa de um rapaz, que aparentava ser bem mais novo que eu, talvez, nem tivesse idade o suficiente para estar ali.

“Vai dançar!” –Eu disse para o garoto tímido.

“Hey.” –Senti Pedro colocar a mão na minha cintura. –“Vamos embora?”

“Só um minuto...” –Eu disse, enquanto pegava meu celular para ver a hora.

Já passavam das quatro da manhã e a boate fechava as seis. Aceitei ir embora com ele, sem avisar a Pablo, que já estava acostumado com esses sumiços repentinos de uma pessoa bêbada.

Sem carros, devido a bebidas ingeridas e a lei seca, pegamos um táxi até o apartamento. Eu, apesar de achar que não, estava mais “sóbria” que Pedro e paguei ao motorista.

“Estou bêbado demais para te pedir em casamento?” –Ele perguntou assim que descemos do taxi.

“Com certeza.” –Eu respondi rindo.

Não levei muito a sério o que ele disse e procurei a chaves do apartamento na bolsa. Pedro sussurrou alguma coisa para o porteiro, Matias, que o entregou uma chave. Fiquei olhando desconfiada para Pedro enquanto ele segurava a porta do elevador para eu entrar, mas não questionei.

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