Aniversário

722 55 7
                                    

Menti. Voltei a escrever aqui. Mas agora é especial. Mês que vem o mundo vai ficar sabendo que farei show no Brasil. A Ansiedade para isso me consome. Eu nem sei se você ainda está no Brasil, mas notícias de Framlingham não têm seu nome. Você também pode estar em outro lugar. Não sabe o quanto te procurei na internet e nunca encontrei. Um dia vi uma mensagem no twitter e achei que era você, talvez até fosse, mas perdi nas minhas menções. Só em saber que em poucos meses vou ter a oportunidade de olhar nos seus olhos castanhos novamente e ouvir toda a verdade. Eu acredito que você vai me ver, estou contando com isso. Tenho a consciência de que não sou muito conhecido por ai, mas o importante é a notícia chegar até você. Conseguimos contato com a maior emissora do Brasil, só para eu ter mais certeza de que a notícia vai chegar a você.

Tenho medo. É, Edward tem medo. Eu mudei. Confesso. Não sou mais o mesmo. Tenho tatuagens e amo beber. Até fumo. Não se decepcione com o novo Teddy. Sei que você também não é a mesma. Talvez isso me deixe mais apaixonado por você. Eu ia dizer "nos vemos em breve", mas capaz de já termos nos encontrado quando você estiver lendo isso. Mas pensando bem, nos vemos em breve, novamente.

Te amo.

Teddy xx

Acordei ansiosa, pois era meu aniversário. Meu pai havia me prometido uma boneca e eu já tinha até escolhido seu nome. Mel. Não referente a Melissa, era apenas mel. Nossa! Eu já estou quase adulta, já que estou quase precisando de uma terceira mão para contar minha idade. Ou, quem sabe, usar meu pé. Estou usando minha melhor roupa para ir ao parque com meu pai e não sei quantas vezes a ansiedade me permitiu pentear meu cabelo. Eu ia passar um dia inteirinho com meu pai. Acho que nunca fizemos isso. Até eu quarto já arrumei, apesar de ser obrigada a fazer isso todos os dias, senão eu apanhava, desta vez, arrumei feliz. Mamãe não gosta de bagunça. Não mesmo.

Me sentei no sofá, aguardando meu pai enquanto eu balançava as pernas. Meu sorriso estampado no rosto foi interrompido pela campainha, me fazendo correr para atender a porta. Olhei o homem dos pés a cabeça e notei o quanto era alto.

"Sou Luiz." –Ele disse, sorrindo. –"Tio Luiz."

Ele se curvou e me entregou uma bala de hortelã, que não hesitei em comer. Voltei para o sofá enquanto meu pai foi de encontro ao home que passava pela porta. Se querer, vi Luiz receber dinheiro e logo me chamar.

"Ele vai no parque com você." –Disse meu pai.

"Mas..."

"Faça tudo o que tio Luiz quer."

Olhei para o homem, que se ajeitava após guardar o dinheiro no bolso da camisa. Afirmei com a cabeça, afinal, eu ainda iria ao parque mesmo. Fomos ao maior parque da cidade e Luiz não soltava minha mão. Áspera e fria, era tudo o que conseguia sentir daquilo enquanto minha mão sumia por entre seus dedos. Eu estava começando a gostar do homem que pouco sorri e estava me tratando muito bem, que fingia achar graça das piadas que eu contava para quebrar nosso silêncio. Do nada, paramos para comprar um imenso algodão doce para continuar passeando pela cidade do parque, até chegarmos no castelo.

"O chapéu!" –Eu disse, apontando para o brinquedo. –"Quero ir lá!"

Era o chapéu mexicano e sua enorme fila. Eu não havia brincado em nada ainda, então ele me permitiu começar. Luiz se recusou a entrar no brinquedo, me deixando ir sozinha. E eu ficava cada vez mais no alto, ainda enxergando Luiz impaciente na fila. O vento começou a bagunçar todo meu cabelo e eu parecia estar voando. Abri meus braços e deixei o vento tocar em mim, me fazendo esquecer onde eu estava, mesmo com umas duas crianças chorando atrás de mim.

Folhas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora