Friends

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Anunciado o termino da apresentação na TV, Imogen permaneceu em seu lugar separando suas miçangas, enquanto Teddy prontamente se levantou e fez um gesto com a cabeça pedindo para que eu o acompanhasse.

"Ué?"

Paramos em frente ao local onde Ed havia deixado o embrulho. Ele olhou por trás de todos os porta-retratos, enfeites, embaixo da mesa, e nada do presente.

"O que estão procurando?" -John perguntou.

"O presente que a Yolanda me deu."

Parei de procurar e olhei para John, parado ao lado da porta do corredor, e me aproximei de Ed.

"Achei seu presente." -Sussurrei.

"Sério?" -Ele se virou para a mesa. -"Onde está?"

"No pescoço do seu pai."

"O que?" -Ele se virou para mim.

Coloquei minhas mãos nos ombros do Ed, fazendo com que ele se virasse para o pai.

"Aquele colar, é o seu presente."

Discretamente, apontei para John, que tinha um copo com cerveja em mãos e parecia tão bêbado quanto nós mais cedo.

"Onde o senhor achou isso?" -Ed perguntou.

"Isso o que?"

"O colar."

John olhou para baixo, na tentativa de enxergar o pingente pendurado em seu peito.

"Ganhei."

"De quem?"

"Não sei." -Ele deu de ombros. -"Estava escrito o meu sobrenome no embrulho."

"Claro." -Ed sorriu, ironicamente. -"Porque você é o único que se chama Sheeran por aqui, não é mesmo?"

John ficou encarando Ed por alguns minutos, sem dizer nada.

"Este é o presente que eu comprei para o Ed, senhor." -Eu arrisquei dizer.

"John." -Ele disse. -"Me chame de John. Assim como te chamo de Yolanda."

Ele tomou um gole de sua cerveja e voltou a nos encarar.

"Pai?"

"O que é?"

"O colar..."

"O que é que tem?"

"É meu!"

"Abaixe esse seu tom, rapaz."

"Não precisamos disso." -Eu disse olhando para o Ed.

"Eu estou calmo. Calmíssimo!" -Ele disse. -"Só queria meu presente."

"Custa rir um pouco?" -Sussurrei. -"Vai. Isso é engraçado. Não?"

Sério, Ed me olhava, impaciente.

"Certo." -Ele disse. -"Depois eu pego isso."

"Espera." -Disse John, assim que viu que Ed realmente estava saindo.

Quase que em um único gesto, John retirou o colar e veio em minha direção.

"Entregue para ele."

Estiquei meu braço e, delicadamente, John colocou o colar na palma da minha mão, beijou minha cabeça e se retirou.

"O que foi isso que acabou de acontecer?" -Ed perguntou.

"Álcool." -Eu disse, rindo.

Respirei fundo, aguardando o momento certo, que já nem existia mais.

"Surpresa!" -Eu disse, tentando fingir a empolgação.

Foi a vez de Ed estender a mão, esperando eu depositar o cordão. Nossas mãos se encontraram quando larguei o presente. Não era uma joia. Não era uma simples bijuteria. Era o meu cordão, com a frase "Your eyes will lead me straight back home" gravada na parte de trás do pingente.

"Seus olhos sempre vão me levar de volta para casa." -Eu disse, enquanto ele lia o que estava escrito. -"Você é meu lar."

Claramente ainda alterado pelo álcool, ele ficou encarando o pingente, que pedi para ser gravado com tal frase, em silêncio. Não demorou muito, e logo ele estava sorrindo para mim.

"Isso, com certeza, vai para alguma música." -Ele disse.

"Ah! Só sirvo pra isso, né? Você pega todas as minhas frases para colocar em suas músicas." -Eu disse. -"Isso é plágio. Você é uma farsa."

Ficamos nos encarando, com feições sérias, mas logo começamos a gargalhar. Alto. O tipo de risada irritante que a gente nem ao menos se lembrava mais do que estava rindo.

"Certo." -Ele disse, me oferecendo o cordão. -"Quero que você coloque em mim."

Sem pensar, peguei o cordão e fiquei olhando para Ed.

"Afinal, sou uma dama. E você tem que ser romântica."

Prendendo o riso, passei o cordão pela cabeça dele. Sem ter onde abrir ou fechar, o elástico do cordão logo já estava acomodado no pescoço de Teddy. E lá estava eu, perdida no azul dos olhos dele e, ao poucos, fui me aproximando. Ao contrário do que ele achou, notei que Ed esperava por um beijo em seus lábios, mas eu me inclinei o suficiente para beijar o cordão, deixando uma leve -quase que imperceptível- marca do meu batom, que já estava precisando de um retoque.

"E pensar que, quase fomos só amigos." -Ele disse.

"E pensar que, você sempre tem que cortar o maldito do..."

Foi quando Ed me interrompeu com um beijo.

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