Você toparia?

771 50 9
                                    

“Começar por onde?”- Me ajeitei no sofá. –“Pelo o ‘me perdoa’ que você sempre sonhou em ouvir ou o por que de eu não ter voltado para Framlingham?”

“Difícil.” –Ele esfregou o queixo, com uma expressão séria, mas nada que não fosse uma atuação..

“Aqui mesmo ou tomando uma xícara de chá em um restaurante?”

“Você leu mesmo a carta!” –Ele disse. –“Estou surpreso.”

“Leio todos os dias.”-Falei, rindo. –“Sei cada vírgula.”

Ele ficou me olhando e seu sorriso era diferente, não era o típico sorriso de alguém que acabou de achar graça do que eu disse, tinha um outro sentimento estampado nele. Antes que eu me explicasse, Teddy se levantou e abriu a mala que estava sobre a cama de casal. Ele retirou meu caderno.

“Mais um assunto da carta.”

Sem reação, peguei meu caderno e ele estava em perfeitas condições. Levei até meu nariz e não tinha cheiro de mofo, tinha o perfume do Ed.

“Você carrega isso na mala?” –Perguntei.

“Confesso que...”-Ele se sentou ao meu lado. –“Eu tinha uma certa esperança de encontrar você por aqui, ou deixar o caderno em algum lugar. Eu não sei...”-Ele deu de ombros.-“Mas algo me fez trazer isso.”

Sorrindo, folheei o caderno e como minha letra era diferente. Parei em uma página qualquer e falava sobre Ethan, indiretamente, mas eu entendi que era sobre ele.

“Eu li o caderno inteiro.”-Ele apontou. –“Achei, realmente, muito interessante.”

Continuei folheando, na esperança de encontrar alguma anotação feita por Ed nas páginas ainda em branco.

“Tenho que admitir que pensei duas vezes antes de te entregar isso.”-Ele sorriu. –“Me apaguei.”

“Estou indo lá embaixo.” –Disse Stuart para Ed. –“Quer um sorvete?” –Foi até a varanda, perguntar a Camilla.

Ela entrou no quarto, olhando para mim, esperando minha aprovação. Afirmei com a cabeça e ela desceu com Stuart.

“Vou pedir nosso chá.” –Disse Teddy.

Ele levantou e foi até o telefone sem fio que estava na mesa do abajur. Não demorou mais do que quinze minutos depois, bateram na porta. O homem uniformizado colocou a bandeja com as duas xícaras e uma jarra com chá sobre a mesa. Ed nos serviu e nos sentamos a mesa.

“Pronto para te ouvir.” –Ele disse, antes de dar um gole do chá.

Bebi todo o chá, antes de tomar corangem para dizer tudo o que havia acontecido, com o cuidado de não faltar nada. Inclusive, mencionando a importância de Pedro em todo o caso.

“Você...” –Ele disse, se levantando. –“Você está mentindo! Isso não pode ter acontecido.”

“Mas por que eu mentiria para você?” –Perguntei.

Ele andava de um lado para o outro e eu, sentava, observava apreensiva.

 “Você está mentindo!” –Seu tom de voz estava alto.

Até que ouvimos um barulho na porta, Stu entrava com Camilla, e comecei a chorar assim que a vi. Pensei em ir embora com ela, mas eu não tinha tanta oportunidade de encontrar o Teddy novamente.

“Poderiam...” –Teddy passou as mãos no rosto. –“Descer de novo?”

Desconfiado, Stuart aceitou e fechou a porta. Se eu conheço a Camilla, ela estava ouvindo a conversar.

Folhas de OutonoOnde histórias criam vida. Descubra agora