Uma mensagem no celular

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“Você prometeu não sair sozinha...” –Disse Pedro.

“É, mas você não quis sair comigo pra comprar algo para Pablo.” –Eu disse. –“Na verdade, eu meio que sabia que viria atrás de mim.”

Sorrimos, até o olho de Pedro bater no CD em minha mão.

“Já escolheu algo?”-Ele perguntou, apontando para o álbum. –“Que CD é esse?”

Pedro o tomou da minha mão, sem pedir permissão, leu o nome em silêncio e olhou pra mim.

“UAU!” –Ele disse, me entregando o CD. –“Esse cara é maior do que eu pensei.”

Dei de ombros, não querendo admitir que havia pensado a mesma coisa.

“Vem.” –Ele disse. –“Vamos encontrar algo para Pablo.”

Andamos, juntos, pela loja e ele parecia bem convicto do que queria.

“Eminem!” –Ele disse, pegando da prateleira. –“E Maroon 5” –Pegou o CD ao lado.

O segundo era para ele e estávamos cansados de procurar algo que encantasse Pablo, então ficamos com Eminem mesmo e um pôster do Elvis, de um metro de altura, que encontramos já no caminho para o caixa.

Bati na porta do quarto de Camilla e ela não respondeu, aumentando o som, como de costume, mas desta vez, não era Ed ou One direction. Fiquei olhando para a porta por alguns minutos e nada de Camilla abrir a porta. Olhei para o chão e a luz do dia que invadia o quarto dela, saia por baixo da porta. Olhei para a revista em minha mão, me abaixei e fiz a revista passar por debaixo da porta. Com dificuldade, me levantei e bati na porta novamente. Sai de perto e fui para a sala, onde Pedro havia colocado o CD de Teddy em um pequeno som que havíamos comprado mês passado. Na terceira música, Pedro parecia estar curtindo o som e balançava a cabeça de acordo com o ritmo. Eu permaneci sentada no sofá, com as pernas juntas e minhas mãos sobre meus joelhos, esperando uma reação diferente. Camilla saiu do quarto e estranhou ao perceber que era o Teddy quem cantava no som, estranho mais ainda quando viu que Pedro estava curtindo, enquanto eu parecia estar preferindo a morta. Ele mostrou a capa do CD para ela e sua reação foi gritar, enquanto corria para abraçar Pedro.

“Obrigada.” –Disse Camilla.

“De nada?!”- Ele deu um tapinha em suas costas. –“Mas este CD é seu.”.

O sorriso que estava tomando conta do rosto de Camilla, sumiu. Enquanto ela soltava Pedro. Ela olhou para mim e eu sorri ironicamente, com todo o rancor que eu estava guardando. Camilla correu para o banheiro e bateu a porta com força, ela estava com essa mania.

“Oxi.” –Disse Pedro. –“Que louca.”

Ele deu de ombros e continuou no ritmo de Teddy.

Embrulhei o CD de Pablo, enquanto Pedro enrolou o pôster e amarrou com uma fita azul, fazendo um laço de qualquer jeito. Claro que eu tive que amarrar de novo. Era 19 de abril, o aniversário de Pablo, numa quinta-feira e ele decidiu dar uma festa na Low Club, só para convidados. Apesar de no dia seguinte ser uma sexta-feira, a boate lotou. Não levei os presentes, mesmo Pedro insistindo para isso. Fui com um vestido preto colado ao corpo, um sapato com salto carretel prata e cabelo preso em um coque, pois eu não era obrigada a me arrumar toda para depois suar durante a noite e estragar o penteado.

Eram três da manhã, quando Pablo pediu para Pedro assumir o lugar do DJ. Eu estava no bar, bebendo uísque, quando me engasguei com o som de “Give Me Love”, com alguns remixes no meio da música, para torná-la dançante. Me levantei e fui caminhando até a pista de dança, me desviando das pessoas e, não sei quantos copos eu havia bebido, mas já era o suficiente para eu achar que flutuava ao ouvir a música. O mundo pareceu girar lentamente e eu podia enxergar a expressão de felicidade que cada um ao meu redor carregava. Alguém esbarrou no meu braço, derrubando um pouco da minha bebida, e eu não me importei. “Give Me Love” parecia interminável e eu estava gostando cada vez mais. Levantei as mãos no refrão, cantando sozinha no meio da pista e ninguém me ouvia. Antes mesmo da música terminar, Pedro colocou Maroon 5, virei o último gole da minha bebida e decidi voltei para o bar. Era difícil passar no meio de toda aquela gente suada, apesar do forte ar condicionado, me sentei no único banco vazio no balcão e dei meu copo para o barman.

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