Ainda com os olhos fechados, senti que já estava claro. Abri os olhos e Ed não estava mais na barraca. Me sentei, passei as mãos no cabelo para arrumá-lo um pouco. Abri a cortina e vi que Ed estava na beira do lago, tocando seu violão. Abri um compartimento lateral da minha mochila e peguei o relógio, já eram 8:15 a.m, o que para mim parecia tarde. Sai da barraca e fui andando até ele.
“Bom dia!” – Eu disse, parando ao lado dele.
Ed olhou para cima, para me olhar. Observei que ele escrevia alguma música no meu caderninho. Talvez estivesse terminando a música dos vagalumes.
“Bom dia!” –Ele disse.- “Ah, peguei o seu caderno, se não se importa...”
“Tudo bem!” –Respondi, me sentando ao seu lado. –“Terminando a música?”
“Na verdade...” Ele disse, conferindo o caderno rapidamente. – “Já terminei. Estou escrevendo outra. Esse lugar é muito inspirador.” – Ele disse, folheando o caderno.
“Posso ler?” – Eu perguntei.
“Claro! Toma!” – Ele disse, me dando o caderno.
“Não! Melhor...Cante!” – Eu disse, devolvendo o caderno.
Ed ficou me olhando e depois de alguns minutos pegou o caderno da minha mão.
“Na verdade, ambas as músicas estão pela metade. Vou guardar para um futuro, mas posso cantar essa nova aqui, que eu pensei logo após o seu ‘boa noite’!” – Ele disse.
Ele parou em uma página escrito “Fall”, começou a tocar o seu violão. A música resumia um sonho que um cara apaixonado sempre tem com sua amada após o beijo de “boa noite”. Dizia que a noite nunca poderia ser ruim ao ter a menina em sua mente e a sua única preocupação é não poder protegê-la de seus pesadelos. Toda hora a música se referia a palavra “apaixonar”. Você se apaixonaria também?
Ed parou de cantar e me olhou, apenas sorri, com o sorriso mais bobo do mundo. Eu não estava preparada para as coisas acontecerem com ele. Eu já namorei escondida por uns três meses, mas o garoto não me aguentou por muito tempo. Eu sou um poço de problemas, eu tinha avisado a ele, mas insistiu em namorar comigo, para depois me largar justo quando eu precisava de um abraço. Sabe, eu cresci acreditando que o mundo é injusto, e realmente é, mas ,as vezes, a injustiça pode ser uma oportunidade, para você decidir o que quer da sua vida dali pra frente. Se tudo fosse fácil, a vida seria chata demais, temos que crescer aprendendo e não regredindo mentalmente. Esse menino que eu namorei, era meu amigo e depois que terminamos, ele nem olhava para mim e esse era meu medo com Ed, quero que nossa amizade seja para sempre. Acho que amizades são mais fortes que namoros, porque quando começam a namorar, começam a achar que são donos de outras pessoas e quando se é amigo, começam a cuidar da outra pessoa.
“Quando pretende gravar suas músicas?” – Eu perguntei. –“São tão...sinceras e lindas!”
Ed sorriu colocando seu violão ao lado do caderno.
“Bem, eu vou gravar um cd demo semana que vem...” – Disse o Ed.
“Sério? Por que não me contou?” – Eu perguntei, sorrindo.
“Estou contando agora, não estou?” – Ele perguntou.
O abracei, ele não esperava o abraço acabou se deitando na grama desequilibrado. Várias gramas foram parar no cabelo dele, não sei porquê, mas eu achei a coisa mais engraçada do mundo e comecei a gargalhar, histericamente e Ed começou a rir também. Eu tinha quase certeza que ele ria de mim. Quando eu pensava em parar de rir, olhava para os cabelos de Ed com grama e voltava a rir. Deitei a cabeça na barriga dele e fui parando de rir aos poucos. Fiquei ali deitada em sua barriga e consegui me acalmar.
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Folhas de Outono
Ficção Adolescente"Silêncio. Isso não existe. Pensamentos continuam ecoando em minha mente e isso me perturba. Essa minha mania de guardar minhas dores, vem se tornando um vício. Luto por um sorriso a cada dia, minhas lágrimas não se prendem mais aos meus olhos e sae...