Músicas para você ouvir

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Imediatamente, todos do ônibus olharam pra trás e o silêncio só não era maior devido ao barulho da locomoção do ônibus.

“Mas não tem seu nome aqui ou sua foto!” – Eu disse, sem pensar.

“Levanta... do meu... lugar!” – Ele disse, pausadamente.

“Olha, tem outro lugar logo ai do lado, sente-se ali!” – eu disse, apontando para o lugar atrás dele e do meu lado.

Ele nem olhou para trás para ver se o outro lugar parecia melhor e continuou me encarando.

“Esse ai é o meu lugar!” – Ele pegou no meu braço.

“ME SOLTA!” – Eu disse, batendo na mão dele. – “Você está me machucando!”

“Larga a garota! Olha o seu tamanho!” – Era a voz da pessoa sentada ao meu lado.

Me virei para olhar quem era e arregalei os olhos surpresa e ele pareceu ter sentido o mesmo. Era Ed. Assim que me reconheceu, ele se levantou e empurrou o garoto.

“Já disse pra soltar ela!” – Disse Ed.

O garoto me soltou, porque se desequilibrou com o inesperado empurrão do Ed somado ao balanço do ônibus.

“Senta no canto!” –Ed disse, passando na minha frente e ficando em pé onde eu estava sentada.

Eu agora estava na janela, sentada observando Ed discutir com o garoto, muito maior que ele, por sinal. Eu segurei mão do Ed, tentando puxá-lo para se sentar, mas nada adiantou.

“Hoje eu deixo vocês sentarem ai, mas antes...” – Disse o menino, terminando a frase dando um soco no rosto de Ed.

Levei minhas mãos a boca e logo em seguida puxei Ed para se sentar, virei o rosto dele pra mim e sua sobrancelha começava a sangrava. Ele colocou a mão no machucado e depois olhou seus dedos com um pouco de sangue. Tirei meu casaco e ia colocando em sua sobrancelha, para estancar o sangue.

“Não! Não precisa. Eu...” – Ed dizia, afastando o casaco de seu rosto.

 “Shhh... deixa eu parar esse sangue!” – Eu disse, encostando devagar o meu casaco no machucado dele.

Ed ficou pressionando o casaco sobre a sua sobrancelha durante todo o caminho. Eu não conseguia parar de olhar para Ed e para o garoto que havia batido no Ed. Quando percebia que eu estava olhando, o menino ficava gargalhando. A escola parecia nunca chegar e assim que o ônibus parou, acabamos sendo os últimos a sair.  

“Onde fica a enfermaria?” – Eu perguntei a ele, assim que desci do ônibus.

“Não preciso ir a enfermaria!” – Ele disse, segurando meu casaco em seu ferimento.

“Não perguntei se você precisa, quero saber onde fica. Vamos!” – Eu disse, agarrando seu braço esquerdo com as minhas duas mãos.

Ainda faltavam vinte minutos para o começo da aula, sendo que demoramos 10 minutos para chegarmos a enfermaria. A enfermeira não deixou eu entrar, por motivos não revelados, mas deixou a porta aberta para que eu pudesse observá-lo. Fiquei encostada no batente da porta, segurando meu casaco dobrado, para esconder a parte com sangue. Fiquei olhando ele sentado na maca e a enfermeira colocando um remédio e fazendo o curativo. Não demorou muito e ela já havia terminado. Ed agradeceu a enfermeira e veio em minha direção.

“Me dá o seu casaco, eu vou lavo em casa!” – Ele disse, esticando o braço pra pegá-lo.

Afastei o casaco, para ele não pegar.

“Não tem problema, Ed, deixa que eu lavo!” – Eu disse. - “Tem aula de que agora?”

“Inglês!” – Ele disse.

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