Hora do Almoço

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Acordei assustada ao ver que era meio dia no celular. Ed ainda dormia, mas logo se acordou com a minha agitação.

"O que foi?"

"São meio dia." -Eu falei.

"E daí?"

"E daí que está tarde e temos que aproveitar."

"Estou aproveitando a cama, obrigado." -Ele disse, se virando de bruços.

Pensei em me levantar e jogar o travesseiro nele, mas talvez isso nos tirasse da cama. Eu, que estava sentada escorada na cabeceira, e arrastei para poder me deitar, me virando para Ed, que sorria de olhos fechados.

"Não poderia ser assim todo dia?" -Ele disse, ainda com os olhos fechados.

"E os shows?"

"Reservados para a noite." -Ele disse, antes de abrir os olhos.

Ficamos nos olhando e, eu não sei ele, mas fiquei imaginando esse "todo dia" na cama pela manhã, sem ter o que fazer e a noite, encontrar seus fãs, aquilo que alimenta sua alma e eu estar lá, para poder presenciar tudo.

"Estou com fome!" -Disse Camilla, entrando sem bater. -"Ai meu Deus! Ainda bem que estão cobertos."

"O respeito acabou nessa casa!" -Eu disse, me descobrindo.

"Eu to aqui ainda!" -Camilla cobriu os olhos.

"Estamos vestidos, imbecil!" -Eu disse.

Ed se espreguiçou deitado e logo se levantou, vestindo seu moletom preto e calça xadrez. "Boa tarde!" -Disse Joana, assim que aparecemos na sala. -"Na geladeira tem carne, feijão, se quiserem, posso fazer."

"O que ela disse?" -Ed me perguntou.

"Que ela pode preparar nosso almoço."

"Não. Não." -Disse Ed, enquanto negava com a cabeça. -"Vamos todos almoçar em algum restaurante."

"Isso!" -Comemorou Camilla. -"Vou me arrumar."

Ela se apressou, animada, arrancando gargalhadas de Ed. Em menos de uma hora, estávamos caminhando pelo calçadão, para ir até o Marítimo, um caro restaurante próximo ao Copacabana Palace, que costumávamos ir a cada três meses.

"Aproveitar que ele está pagando!" -Disse Camilla, se acomodando em seu assento.

"Se controla!" -Eu sussurrei. -"Você não vai pedir coisas caras e aos montes."

"Ah mas eu vou sim!" -Ela disse, com o cardápio na mão. -"Sempre quis essa sobremesa."

"Camilla, não!"

"Ed!" -Ela disse, olhando para mim. -"Posso pedir isso na sobremesa?" -Ela se virou para ele, entregando o cardápio.

"Claro!" -Ele disse, devolvendo o cardápio.

"Mas você nem viu direito." -Eu falei.

"O que que tem, Yolanda?" -Ele perguntou, folheando. -"Ela nunca comeu, eu não costumo gastar dinheiro sempre, dá para comprar pelo menos uns cinquenta desse hoje."

"Então quero três!"

"Camilla!" -Eu aumentei meu tom de voz.

"Eu só estava brincando."

"Só acho caro gastar oitenta reais com esse sorvete."

"Não é qualquer sorvete." -Ela disse. -"É tudo da Dinamarca."

"Quem te garante? É tudo Kibon e você tá sendo trouxa."

"Ed quem tá pagando, o trouxa é ele."

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