Querida Yolanda

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"O que?" -Joana perguntou, assustada.

"Penny mexeu!" -Eu disse, olhando Camilla.

"Te chutou para você ir embora logo. Mulher chata." -Comentou Ed.

Camilla sorriu, já com o rosto banhado em lágrima.

"O dia não poderia terminar melhor que isso." -Ela disse.

Ela voltou a me abraçar, dizendo que me ama, enquanto Ed se despedia de Joana. Antes de soltá-la, beijei sua testa e sorri, reparando em cada detalhe de seu rosto para levar comigo.

"Eu já estava esquecendo!" -Disse Ed. -"Os presentes de vocês!"

Teddy entregou uma sacola de uma loja de perfumes para Camilla.

"Eu to tipo: Eu tava com isso na mão? O que é isso?"

Camilla nem abriu, para conferir os perfumes, e prontamente abraçou Ed pela cintura. Foi então, que tive mais certeza ainda de que essa era a vida que eu tinha que levar. Estar com Ed não fazia bem só à mim, ele era o ideal para todo mundo.

"Agora, temos mesmo que ir." -Lamentou Ed.

Teddy ajeitou a mochila no ombro direito e seguiu o caminho de zigue-zag que levava até uma mulher que confere as passagens.

"Espere!" -Camilla segurou meu braço, antes de eu fazer o mesmo que Ed.

Olhei para ele, que se distanciava mais, e me virei para Camilla, que ainda segurava meu braço.

"Sabe o que eu vejo agora? Uma menina que lutou tanto para esse momento. Lutou para um dia se ver feliz por completo."-Ela sorriu. -"Devo confessar que, antes de ir, sua mãe me contou que não quis vir pois não queria a ver partindo, novamente. A saúde dela também está fraca, ela pouco consegue andar. Prometo cuidar dela, é o mínimo que  posso fazer por você, que tanto cuidou de mim. Daqui a poucos minutos, você estará tão longe de mim e ao mesmo tempo, tão perto. A saudade vai me ensinar o real valor que você tem, o valor que, as vezes, é escondido pela acusação injusta que faço..." -Ela deu uma pausa breve. -"Eu te amo."

Ela me deu o último abraço, mais rápido que os anteriores, e tive que apressar meus passos até Ed. Assim que a mulher conferiu minha passagem, olhei para Camilla pela última vez, e pude ser seu sorriso aberto, que logo se tornaria um choro desesperado, assim como eu estava guardando todas as lágrimas para chorar em silêncio.

"Landy?"

"O que?" -Eu parecia perdida.

Teddy sorria, gentilmente, com sua mão esquerda estendida para mim. Olhei para ela e logo voltei meus olhos para os de Ed. Sua mão estava quente e a minha, muito fria. Seguimos nosso caminho para o avião e conferi, no bolso lateral da minha mochila, se a carta deixada por Camilla, estava ali.

"Você prefere a janela ou...?" -Teddy perguntou, no corredor.

"A janela, sim." -Eu afirmei, segurando a carta de Camilla, em mãos.

Ed guardou minha mochila, junto a dele, e se sentou ao meu lado.

"Não vai ler?" -Ele perguntou, apontando para a carta.

"Melhor esperar decolar." -Eu disse, arrumando qualquer desculpa.

"Por que?" -Ele perguntou. -"Vai gritar: Parem este avião?"

Eu ri, de nervoso, e não conseguia mais parar de rir.

"Porque o meu sonho é gritar: siga aquele taxi."

E então, eu estava ali, chorando de tanto rir. Um misto de felicidade, desespero, ansiedade, nervosismo, que nem notei que já estávamos voando.

"Perdeu a chance..." -Disse Ed, soltando o cinto.

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