O dia seguinte

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Teddy deu de ombros, voltando olhar para o mar.

"Você está muito bêbado." –Arrisquei.

Ele parecia prender o riso, quando voltou seus olhos para mim.

"Estava pensando na minha existência."

'Justo agora?" –Perguntei, me soltando dele e melhorando minha postura.

A tentativa de prender o riso, falhou desta vez. E não quis mais parar de rir, me fazendo acreditar que a minha crise de riso sobre "Tandy" foi tão perturbadora e idiota quanto, mas era ele quem estava rindo, poderia ver isso por horas, mesmo entender do que se tratava. Certo, cultivamos o silêncio por mais longos minutos após eu ter deitado minha cabeça no ombro de Ed, foi quando percebi que ele não olhava mais para o mar.

"Você está dormindo!" –Eu disse.

"Estou acordado... acordado..." –Ele disse, tentando manter os olhos abertos.

Típico caso de quem bebeu muito e estava tão pilhado que poderia passar horas dormindo, mas no primeiro momento que teve paz completa, bateu o sono, aquele que você nunca está preparado para receber e acaba se rendendo na primeira piscada.

"Vamos embora." –Eu disse, me levantando.

"Não!" –Ele disse, murchando os ombros. –"To bem aqui."

"Não quero saber." –Eu disse, largando ele no banco e me dirigindo para a beira da avenida.

Enquanto não aparecia um taxi livre, liguei para Camilla avisando que estava indo embora, mas o som da boate estava muito alto para ela me entender sem ficar gritando, me obrigando a desligar e resumir em mensagem. Assim que apareceu um táxi, Teddy fez sinal enquanto eu tentava colocar o celular na carteira de novo. Fomos juntos no banco de trás e logo Ed se acomodou, para tirar um longo cochilo. Durante todo o percurso até o apartamento, me lembrei de quando Ed veio em agosto para sua turnê e aquele Ed que dormia, parecia totalmente diferente.

"Ed?" –Sacudi ele, quando já se aproximava de meu apartamento.

Ele acordou desnorteado, me fazendo rir.

"Você está em algum hotel? Pode seguir nesse mesmo táxi."

"Não." –Ele disse, iniciando um bocejo. –"Minhas coisas estão com a Sara."

Confesso que não havia pensado nessa possibilidade de estadia em nossos apartamentos, já que Sara quem havia entrado em contato com ele. Eu ainda estava perturbada pelo álcool e não conseguia raciocinar direito. Quando o taxistas parou, entreguei o dinheiro para ele e desci do carro, seguida por Teddy.

"Sara e companhia ainda estão na boate." –Eu disse, entrando no prédio e procurando pela chave na carteira.

"Isso quer dizer que tenho que dormir na rua...?" –Ed me olhava, cheio de segundas intenções dentro do elevador.

"Você que se comporte." –Falei, antes de sair e caminhar até a porta.

"Não posso garantir isso, enquanto eu estiver com fome. E estou com fome." –Ele disse.

"A cozinha é pra lá!" –Eu disse, assim que abri a porta, o deixando passar primeiro.

Ele correu, literalmente, para a cozinha, enquanto eu me livrava do sapato na sala.

"Que sensação maravilhosa!" –Eu disse, ao tocar os dois pés no piso gelado.

Me dirigi até a cozinha e Ed não sabia por onde começar, olhando para a geladeira aberta.

"Quer que eu prepare algo?"

Ele não havia notado minha presença atrás dele, então se assustou. Resolvi por fazer um rápido misto quente carioca, enquanto o cansado Ed esperava na sala. Ao finalizar o sanduíche, servi um suco de laranja e levei o lanche para a sala.

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