Em breve

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Quando chegamos no aeroporto, Stuart se levantou, rapidamente, ao ver Ed. Ele falou um monte de coisas, que nem prestei atenção. Nem estávamos atrasados, tampouco perder o voo, então, deixamos Stu onde estava e fomos para a praça de alimentação dividir um Sundae. Teddy entrou em uma loja, quando faltava meia hora para a primeira chamada do voo, e comprou um pequeno Cristo Redentor para pôr na estante de sua casa.

“Colocar para ocupar o espaço dos prêmios que não tenho.” –Ele brincou, ao sair da loja.

“Ainda não tem.” –Eu disse.

Ele me deu um igual, de presente, para que tivéssemos a mesma lembrança deste incrível dia.

“Além de, toda vez que olhar o pôr-do-sol, e pensar: Nunca vai ser tão incrível quanto aquele do Arpoador.” –Ele disse.

“Principalmente, porque o sol é mais quente no Rio.” –Eu falei, esperando que ele recordasse do que havia dito um dia.

Ele ficou me olhando, esperando que eu dissesse o que isso tem a ver conosco.

“É que...”

“AH!” – Ele disse. –“O dia no lago...”

Ele começou a gargalhar.

“Puxa...” –Ele estava parando de rir. –“Eu falei isso mesmo.”

Nossas risadas sumiram assim que o alto falante anunciou um voo para os Estados Unidos.

“Eu volto.” –Disse Teddy.

Ele segurou meu rosto com as mãos, encostou seus lábios na minha testa e fechei os olhos. Durou alguns segundos e voltei a abrir os olhos assim que senti o carinho no meu rosto.

“Temos que ir.” –Stuart nos encontrou. –“Eu sinto muito.”

Sorri e vi que ele se aproximava de mim, para me abraçar. Retribui o carinho, inesperado, e me voltei para Ed, novamente. Pensei no que eu poderia e deveria dizer, mas só consegui abraçá-lo, o mais apertado que eu conseguia. Ele repousou sua cabeça sobre a minha e me abraçou tão apertado quanto.

“Eu ainda te amo.” –Ele disse ao me soltar.

Antes que eu pudesse dizer o mesmo, o voz no alto falante dizia ser a última chance para embarcar. E mesmo com a chance de poder dizer, me calei, vendo Teddy acenar após apresentar sua passagem a mulher no portão e entrar. Ele estava indo embora,ficaríamos afastados novamente. Me sentei próximo ao portão, olhando para o nada, como se nada daquilo fosse real.

“A senhora está bem?”

Desprendi minha atenção do nada, para olhar uma mulher que havia se sentado ao meu lado, assustada com o que poderia estar acontecendo. Pisquei e mais lágrimas caíram, enquanto eu olhava para aquela gentil senhora esperando minha resposta.

“Alguém próximo foi embora?”

Afirmei com a cabeça, tentando sorrir para ela.

“O que seria da saudade se não tivéssemos alguém para amar?”

Com isso, ela se despediu, dando duas leves batidas em minha coxa direita. A observei partir e sequei meu rosto. Tentando me acalmar, observei cada pessoa que passava na minha frente e tentei imaginar para onde iriam, o que estavam fazendo. Uns sorriam, outros estavam sérios, preocupados, apressados, outros com mochilas nas costas, apenas uma pequena mala de negócios, crianças com seus brinquedos em mãos, mãos vazias. Cada um tinha seu motivo importante para estar ali. Peguei meu celular e busquei pelo nome de Pedro na agenda.

“Alô?”

“Oi...” –Eu disse, com uma voz rouca de quem havia acabado de chorar.

“Ele já foi, né?” –Poderia parecer calor do momento, mas ele parecia lamentar.

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