Será que sou eu?

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“Ah...” - Estava tão bêbada na hora que apaguei da memória quando acordei. –“Confesso que eu nem lembrava mais disso.”

“Feliz?”

 “Talvez.” –Dei de ombros.

A palavra “talvez” tem muitos significados implícitos, dependendo de seu contexto, e neste caso, significava um “sim, mas estava com medo”. Eu balançava meus pés de nervoso e fingia estar desenhando na areia, para não ser notória minha ansiedade.

“Você quer ir ao show?”

“Creio que queira ir também.”-Olhei para ele, forçando um sorriso. –“Não para de ouvir o CD.”

“É...” –Ele sorriu. –“Uma mídia muito boa.”

Sorri, afirmando com a cabeça. A nossa conversa deu lugar ao silêncio, que rapidamente fora embora com o barulho do trotar do cavalo que puxava a charrete na rua atrás da gente. Me virei, atraída pelo som, e pude ver o casal se beijando, enquanto um homem batia no cavalo, para que o mesmo permanecesse andando. Me voltei para Pedro.

“É...eu gostaria de ir ao show sim...” –Fiquei olhando para ele por um tempo, tomando coragem para dizer. –“Sozinha.”

Pedro tirou o sorriso de seu rosto, sem perceber, talvez imaginando o por quê de eu querer ir sozinha. Talvez, também, estivesse passando um filme na cabeça dele, mostrando ao possível futuro que esse encontro levaria. Pelo menos, na minha cabeça, estava passando exatamente esse filme. E que saber? Eu gostei do que vi.

-FLASHBACK-

Eu descia as escadas de braços dados com Teddy, ao lado de Kelly-Anne, minha vizinha, que só agora resolvi dar uma chance e fazer amizade.

 “O que faz aqui?” –Perguntei para Ethan, enquanto soltava o braço de Ed ao entrar na sala.

“Sua mãe deixou eu entrar.” –Ele disse, se levantando.

Olhei para Mary. Teddy. Ethan.

"Eu vou embora." -Disse Kelly.

Ela se despediu, amistosamente, de todos e foi acompanhada por Mary até a porta.

“Eu posso voltar depois...”

“Não!” –Me apressei em dizer.

“Só vim pra aula de violino.”

Era domingo, ele tinha razão. Olhei para Teddy, procurando o que dizer.

“Tudo bem.” –Ele disse, levantando os braços. –“De noite eu ligo pra você.”

Acompanhei Teddy até a porta e me despedi com um abraço, pedindo desculpa mil vezes. Ele parecia menos preocupado do que eu, e apenas ria da situação.

“Não precisava ter expulsado ele.” –Disse Ethan, assim que apareci na sala, novamente.

“Não expulsei.” –Me sentei no sofá, ao seu lado. –“Ele me liga depois.”

Ethan pegou seu violino e me lembrei que o meu estava no quarto. Deixei meu corpo escorregar um pouco no sofá e coloquei os pés, descalços, sobre a mesa de centro. Eu estava com preguiça de ter que ir lá em cima, e preguiça mais ainda de ter aula.

“Ethan.”-Esperei ele olhar para mim. – “Por que você gosta de mim?”

“Pelo mesmo motivo que outras pessoas gostam de você.”

“UAU!” –Eu disse, olhando meus pés sobre a mesa. –“Só isso tem a dizer? E Não são muitas pessoas que gostam de mim, Ethan.”

“Tem o Ed, a Mary, já não são importantes?”

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