Quarantacinquesimo Capitolo

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Eleonora Santinelle

Assim que Bernardo me ligou e disse o que aconteceu eu fiquei com muita raiva, mas muita raiva mesmo.

Ele me disse que como pela lei da famiglia e como todo o conselho já estava sabendo eu mesma faria isso, junto com Maria Julia, o que muito me agradou.

Cheguei no galpão e vejo Maria Julia já me esperando.

- Está com tanta raiva quanto eu? - preguntou ela assim que eu me aproximo.

- Você nem imagina - digo entrando no galpão sendo seguida por ela.

Vejo Eliza amarada ao lado de Emma Salvo, claro que assim que fizemos um acordo com o família Salvo algo me dizia que isso daria errado, algo me dizia que eles me trariam problemas, mas eu não quis acreditar, um grande erro.

- Olá Eliza - digo sorrindo com o jeito mais assustador possível.

- Me mate logo de uma vez - resmungou ela de cabeça baixa.

- Não - respondeu Maria Julia atras de mim - vocês pagaram pelo que fizeram.

As duas ficaram brancas, com medo do que faríamos, claro que isso não é nada do medo que elas vão ter, porque eu não terei piedade delas, em nenhum momento.

Pietro Santinelle

Já sentados no sofá, Benjamin nos olha preocupado, Bernardo não está melhor do que eu, ele também está com um semblante péssimo no rosto, e isso me preocupa.

- Se não se importa que eu pergunte - disse Benjamin.

- Claro que pode - respondeu Bernardo olhando para ele.

- Por que a máfia francesa tem tanto ódio da máfia italiana? - ele perguntou um pouco envergonhada pro questionar.

Olho para Bernardo, até porque nem eu mesmo tenho uma resposta completa para essa pergunta.

- Você percebe que o sobrenome Rossi é italiano, não? - ele perguntou e Benjamin apenas assente com a cabeça - a umas duas gerações, quando meu avô era o Capo italiano um membro muito próximo da minha família, quando tentou matar meu avô - Bernardo deu uma pausa, suspirou antes de continuar - claro obviamente ele e toda a família foi sentenciada a morte, já que ficou provado que todos eles sabiam das tentativa de assassinato, menos o irmão mais novo do sujeito, que por acaso um de seus descendentes é Pietro - disse ele me olhando.

"Porém, no meio do cumprimento da sentença foi tentado dar um golpe na família Santinelle, claro que todos dentro da máfia ficaram em alertar e conseguimos nos defender, mas no meio da confusão eles acabaram conseguindo fugir para a França, onde a Itália já tinha relações meio instáveis. Um tempo depois eles acabaram assumindo como os Capos da máfia francesa, aí nossas relações ficaram muito ruins, e nós viramos inimigos mortais.

"Nós não mexemos com eles, mas acho que eles ainda guardam rancor do que aconteceu, embora seja culpa deles mesmo"

- Mas como uma raiva por algo que eles mesmos provocavam isso - disse Benjamin indignado - como eles podem por uma pequena desavença fazer isso com uma criança? Um bebê?

- Eu não sei - disse Bernardo dando um suspiro - nós temos que lembrar que nem todos os valores são iguais aos da família Santinelle e da máfia italiana; como aqui nós não matamos crianças, nem mesmo para tirar informações dos pais delas, e essa e uma das nossas leis mais sagradas dentro da famiglia, ou um homem não poder torturar uma mulher, somente uma mulher pode torturar outra, e outra lei que seguimos à risca e por aí vai. Nas outras máfias isso não é bem-visto, como mesmo a presença de mulher ativas na organização - explicou ele.

- Ele está bem - falou Benjamin depois de um tempo - se eles têm todo esse ódio por você e são poderosos eles não deixariam de mostrar isso para todos. Ele está vivo eu sei disso, só precisamos achá-lo - disse ele me abraçando novamente.

Ouvir aquelas palavras da boca de Benjamin com a maior certeza ajuda. Benjamin não tem muito envolvimento emocional com Soren, já que o mesmo não o conhece, e ouvir ele que seria o mais racional em relação a esse assunto, e ouvir dele a mesma coisa que eu já tinha pensado de certa forma me conforta.

- Eu realmente espero que encontremos ele - digo baixinho ainda sendo abraçado por ele.

Benjamin é bem mais baixo do que eu, então mesmo ele me abraçando eu ainda fico como se estivesse abraçando-o, então dou um beijo em seus cabelos.

- O que vai acontecer com ela? - ele perguntou baixinho.

- Ela ja foi julgada e condenada - disse Bernardo chegando mais próximo dele - agora ela ser torturada pelo que fez e depois morta na frente de toda a famiglia, para assim provar que ninguém desafia a maior máfia que existe no mundo.

- Isso parece justo - resmungou Benjamin baixinho.

- É - respondo - parece mesmo justo.

__________*__________

Já era de noite, estava deitado na cama, mas não conseguia dormir, virava de um lado para o outro, mas nada me fazia pegar no sono. Vejo que Bernardo estava tendo o mesmo problema, mas ao invés de se virar para um lado e para o outro, ele ficou apenas parado olhando o teto.

Fico o observando por alguns minutos antes da porta do nosso quarto se abrir. Levanto mais ou menos meu corpo para ver a figura pequena de Benjamin com Samuel resmungando em seu colo entrando.

- Desculpa - disse Benjamin vindo até nos - mas ele começou a chorar e pediu por vocês.

Assim que Samuel nos vê ele praticamente pula em meus braços já escondendo o rostinho no meu pescoço, se aconchegando ali e dormindo praticamente no mesmo instante.

- Ele faz isso as vezes - digo beijando os cabelos dele, que ja estão grandinhos - se quiser pode ficar Benjamin - digo assim que vejo que ele vai sair do quarto.

Benjamin parece analisar bem os pros e contras de ficar, mas acaba decidindo ficar mesmo, ele calmamente se deita na cama, bem entre mim e Bernardo.

Ficamos os três de barriga para cima, quietos, mas nenhum de nós dormindo.

Claro que é um silencio confortável, mas algo está me incomodando muito, como se algo ruim estivesse para acontecer, até que o celular de Bernardo toca.

Ele calmamente se levanta e atende o celular.

- Si - respondeu ele. Depois de algumas palavras com quem estava na outra linha os olhos de Bernardo se arregalam e ele me olha - estamos indo para aí - respondeu desligando o telefone.

- O que aconteceu? - pergunto já me levantando da cama olhando preocupado para ele.

- Hericco - respondeu ela vindo até mim - Luccas disse que ele não estava passado bem, no começo da noite ele começou a sentir dores fortes no abdômen e começou a sangrar, Luccas levou ele para o hospital, e os médicos falaram do só com ele, mas ele se recusa a dizer para o Luccas o que ele tem, então ele me ligou e perguntou se você poderia ir la.

- Claro - digo já imaginando o que Hericco tinha.

- Me dê ele - disse Benjamin bem ao meu lado.

Foi aí que percebi que Samuel ainda estava em meu colo. Dou Samuel para Benjamin e já saio para o closet me arrumar rápido.

Depois de uns dez minutos eu e Bernardo já estamos arrumados e prontos para sairmos.

- Acha que o que Hericco tem e tão grave que ele nem contou a Luccas? - perguntou Bernardo já dentro do carro.

- Eu acho que sei o que ele tem - digo baixinho - só peço a Dio que não seja isso.

- Acha que ele... - Bernardo mesmo se interrompe, e pelo meu olhar ele ja sabe o que eu acho que Hericco tem. 

Te Encontramos Novamente Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora