Primo Capitolo

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Benjamin Fererra

Alguns Meses Antes

Hoje é um péssimo dia para chover, eu as vezes me pergunto se eu não atraio tudo de ruim que vem na minha vid.

Como hoje que está chovendo e eu não estou nem perto de onde eu geralmente durmo, mas sim perto de um grande hotel, infelizmente é na parte de fora dele que eu vou ficar mesmo, já que não tenho nem mesmo um centavo para apagar um dia.

Já estou totalmente encharcada e tremendo de frio, me encolho bem perto a parede do hotel para me esconder da chuva, mas não consigo me esconder dos fortes ventos gelados do Rio de Janeiro.

Sinto muitas pessoas pesaram por mim, mas nenhuma me olha de fato.

Elas sabem que eu estou ali, mas não se importam.

Afinal quem se importaria com um garoto de quinze anos magrelo e que ainda que mora na rua, sem nenhum dinheiro? Não, essas pessoas têm dinheiro, e é exatamente por isso que elas não se importam, porque elas nunca passaram por uma situação tão desesperadora quanto morar nas ruas, ainda mais no Brasil.

Eu começo a chorar baixinho, pelo frio, pela fome e acima de tudo pela falta de humanidade das pessoas que passam por mim.

- Amor - ouso uma voz meia distante vindo até mim.

Isso me surpreende.

Alguém parece se importar o suficiente para vir até mim, mas eu em nenhum momento levanto a cabeça para olhar em seus olhos.

- Ei - uma voz meio grossa me chama, e eu finalmente olho para cima.

É um homem meio baixo, parece jovem, no máximo vinte anos, ele era lindo, com os cabelos castanho da mesma cor de seus olhos, bem-vestido, alguém que certamente tinha dinheiro.

Ele tira o casaco que estava vestido e me enrola nele, o que me pega ainda mais de surpresa, já que o casaco parece custar muito caro.

- Amor o pega - disse ele pegando a sombrinha que estava nas mãos do homem bem atrás dele - vamos levá-lo para dentro, pelo menos até a chuva passar - pede ele olhando o outro.

Eu ainda não tinha visto o homem atras do outro, ele é muito alto, mãos grandes, com os cabelos negros e olhos bem azuis, como o mar se casino, muito lindo, mas não e só no homem atras dele que eu presto atenção e sim nele e em suas recentes palavras.

Ninguém em sã consciência me levaria para dentro de um hotel tão caro. Olha para mim, eu mal estou vestido, e ainda encharcado, ele só pode estar louco.

O outro homem, mesmo que contrariado faz o que ele manda, e assim que suas grandes mãos passam pelo meu corpo e que ele me pega no colo, meu corpo se arrepia.

As mãos dele são quentes, e trazem conforto, o que eu me amaldiçoo por sentir.

Assim que eles começam a caminhar em direção a entrada do hotel, eu me encolho ainda mais.

- Ele não pode entrar - o segurança nos barra - ele não parece que pode pagar por este hotel.

Aquele cara me odeia, eu já estive aqui na frente desse mesmo hotel a alguns meses, ele não me deixou nem esperar a chuva passar na fachada do hotel, apenas para mim não molar um pouco dentro do hotel.

- Ele está com a gente e vai entrar sim - disse o homem que estava comigo no colo, e aquela voz grave me causou arrepio - eu vou pagar pela bagunça dele estar molhado não tem o menor problema.

A culpa me bateu.

Eu não queria que eles pagassem por nada referente a mim, mas eu estava com muito frio para dizer algo, e aqueles braços eram muito quentes.

Percebo que o outro homem saiu de perto de nós dois quando entramos no hotel e quando volta, os dois vão em direção ao elevador.

Nenhum deles fala nada no elevador, é um completo silencio.

Assim que chegamos em frente a uma grande porta branca, o outro homem a abre e assim entramos.

Eu já não tremia mais, e sim olhava para todos os lados de uma forma curiosa, quando percebo que o homem mais baixo está me olhando.

- Eu sugiro que você vá tomar um banho quente - diz ele me olhando - e depois vai ter roupas quentes para você vestir e algo para comer até a chuva passar.

Ele aponta para a porta branca, o outro homem me coloca no chão, e eu vou até lá.

Assim que entro vejo um grande banheiro, todo branco, com chuveiro e banheira. Já fazia muitos anos que eu não via nenhum banheiro, se eu não via, eu ao menos tomei banho em um banheiro a muitos anos.

Tiro todas as roupas, e me olho no espelho pela primeira vez em alguns anos, meu corpo e totalmente branco e está muito magro. Eu sou muito pequeno, mas o que me preocupa em me olhar no espelho que eu estou muito magro, vejo todos os ossos da minha costela, meu braço também dá para ver todos os ossos e assim vai pelo resto do meu corpo.

Quando eu era mais novo minha mãe sempre me dizia que eu era um menino muito bonito, eu sempre tive cabelos castanho bem claros, e olhos verdes, lábios carnudos e bem vermelhos e com feições delicadas, mas a muito tempo eu já amaldiçoei essas minhas feições que minha mãe achava tão lindas, porque elas que me trouxeram tanta dor, porém, eu não quero lembrar disso agora.

Entro no chuveiro e assim que a água bate em meu corpo sinto ele se arrepiar inteiro, a água está tão quentinha que eu nunca mais quero sair de baixo dela.

Pego uma pequena barra de sabonete e começo a passar pelo meu corpo, já fazia bastante tempo, e é muito bom se sentir limpo novamente, e muito gostoso, uma ótima sensação.

Assim que acabo o banho eu me enrolo em uma toalha, e saio do banheiro silenciosamente.

Assim que eles me veem, o homem mais novo pega umas roupas que estavam em cima da cama.

- Aqui - ele diz me entregando elas.

Eu agradeço e volto para dentro do banheiro, e me visto. Uma blusa muito grande, e uma cueca que estava ainda no plástico, o que indica que ela e nova, havia também uma grande blusa de moletom assim como uma calça, ambas pretas.

Me visto e logo saio do banheiro novamente.

Assim que saio vejo o homem menor em cima do maior lhe dando pequenos beijos nos lábios, o que me deixou completamente constrangido.

- Desculpa - digo baixinho os interrompendo.

Abaixo a cabeça com medos deles me mandarem embora por interrompê-los, ainda mais por ainda estar chovendo.

- Tudo bem – falou uma voz que eu não consigo reconhecer de qual dos dois é, mas assim que olho vejo o homem mais baixo se levantando - nós nem nos apresentamos, que indelicadeza, sou Pietro Santinelle e aquele e meu marido Bernardo Santinelle - diz apontando para o outro homem ainda na cama - e você quem seria?

- Benjamin - digo baixinho - Benjamin Fererra.

- Olá Benjamin - diz ele - vamos comer e depois você vai dormir, parece cansado.

E assim me mostra uma grande bandeja de comida, que eu fico só olhando, é muita comida. 

Te Encontramos Novamente Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 02)Onde histórias criam vida. Descubra agora