7. Ele Parece Sincero

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Domingo, 30 de agosto de 2020

Ele saiu do carro mas dessa vez não deu tempo de ele abrir a porta, por conta do costume eu mesma acabei abrindo, então ele apenas me deu a mão como se eu fosse uma princesa saindo de uma carruagem. Ele estava sendo um cavalheiro, mas eu custo em dizer que ser uma coisa por muito tempo acaba deixando tudo mais chato:

- Como você está fazendo sua primeira visita à Londres, eu achei que você fosse gostar de conhecer alguns dos pontos turísticos. Por isso te trouxe ao Big Ben.

- Nossa.... como é lindo
Nós estavamos há alguns quilômetros do monumento, não era tão perto mas dava para vê-lo com grande facilidade; além de ter uma vista e tanto por causa do Rio Tâmisa ali presente, que mesmo não estando com as águas das mais cristalinas, ainda não deixava de dar um toque especial a toda uma imagem que transmitia paz.

Olhei para o Ethan por um breve momento e por algum motivo parecia que aquele lugar trazia paz a ele. O mesmo olhava para o horizonte atentamente. Parecia que cada pequeno centímetro do corpo dele havia se conectado com todos os pedacinhos daquele lugar. Na hora que vi ele no cassino na noite anterior, e hoje de manhã quando estavamos na cafeteria os olhos dele já estavam com um verde vivo e chamativo que já era natural deles, mas naquele lugar estavam ainda mais fluorescentes, como esmeraldas.

- Esse lugar parece importante pra você. - Falei ainda o encarando

- Na verdade foi. - Fiz uma cara de desentendida, e ele correspondeu com uma risada curta e sem som. - Meu pai me trazia sempre aqui quando eu era pequeno, mas daí a nossa relação ficou péssima e eu nunca mais vim aqui com ele, apenas sozinho.

- E você vem aqui porque sente saudades da época que vocês vinham juntos?

- Não. Eu venho aqui porque eu gosto deste lugar. Meu pai não é um alguém com quem eu queira ter mais ligações. - Continuei olhando pra ele enquanto assentia com a cabeça. - Eu acho que não quero falar mais sobre ele.

- Eu entendo. Desculpa por ter tocado neste assunto de novo. - Aquilo era uma incógnita, quando ele tocava em algum assunto relacionado ao pai, ele realmente parecia não querer falar sobre aquilo. Era algo que realmente tinha machucado ele, era um assunto que o fazia travar o maxilar em uma disputa óbvia entre esconder a raiva e a tristeza.

Pelo o que eu havia pesquisado a maioria dos serial killers costumavam começar seus atos de maldade depois de problemas psicológicos, talvez os problemas com o pai tenham sido o start para todo o resto começar. Ou seja, foi algo que o deixou sensível, vulnerável. Mas é o ponto da fúria, frustração, raiva.

- Vem comigo.

Ele segurou a minha mão e começou a me puxar, no começo eu me assustei e fiquei tensa, mas depois me recordei que tinha que fazer parecer real, e me acalmei deixando os músculos libertarem a tensão.

Paramos na frente de uma floricultura, o que me deixou sensível.

Sempre que ia a uma floricultura, me lembrava da minha mãe.

Diferente de mim ela sempre manteve a ideia de morar no campo, e quando se separou do meu pai, ou melhor quando o meu pai largou ela, a mesma acabou desencadeando uma depressão e um tempo depois começou a ter surtos de ansiedade, depois que ela apresentou melhoras ela não perdeu tempo e se mudou para uma parte mais rural, onde abriu uma floricultura.

Ela sempre perguntava se eu tinha mudado de ideia, e se não queria ir morar com ela, mas o meu lugar era na cidade.

Ethan pareceu perceber o meu sentimento pelas flores, e se aproximou levantando meu queixo:

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