33. Eu não Deveria; Mas Amava.

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Quinta-feira, 10 de setembro de 2020.

  Depois de tentar ler aquele livro mais algumas vezes, eu cansei de não obter sucesso e fui tomar um banho.

  Tirei a roupa e novamente comecei a pensar no Ethan.

  A ultima vez que eu havia me preocupado com os sentimentos de alguém deste modo, havia sido na época que minha mãe ficou com depressão. Eu odiava colocar as pessoas acima de mim mesma, e isso não acontecia com frequência graças à minha mínima força de vontade, e facilidade de manter relações afetivas.

  Porém o Ethan me fazia querer se preocupar, eu queria estar perto dele, queria que ele estivesse sempre sorrindo e mais do que isso queria ser o motivo do sorriso dele, mas ele havia me olhado de um modo tão sério na estufa, que eu tinha sérios receios se ainda séria o motivo dos mesmos sorrisos, como o das fotos daquela mesma manhã.

  Ele deu a entender muitas vezes que já sabia o que tinha acontecido naquela estufa, mas de algum modo o olhar dele me culpava.  

  Passei mais tempo do que o indicado debaixo d'água,  tentando recorrer à Scarlett séria e sem sentimentos que abitava em mim, mas ela parecia ter entrado em um sono profundo e não queria ser acordada por nada neste mundo.

  Após o banho, ainda no banheiro vesti meu robe preto.

  Eu não tinha a mínima vontade de sair daquele quarto, eu iria ficar naquele mesmo cômodo tentando terminar aquele maldito livro até o anoitecer. Porém ao sair do banheiro, um homem de vestes pretas e olhos verdes brilhantes, olhos esses que cintilavam mais ainda graças aos raios da luz do pôr do sol que adentravam o quarto, fez todo o meu plano de leitura descer por água abaixo.

  Ele me encarou e eu percebi que em fim, aquele Ethan estava de volta. O mesmo Ethan que abriu a porta do carro pra mim diversas vezes, o mesmo Ethan que me fez sentir aquele sentimento avassalador e novo, além daquelas inúmeras borboletas que voavam no meu estômago descontroladamente quando ele me direcionava apenas UM sorriso. O mesmo homem fofo que havia me abraçado durante a noite toda, me observado dormir e me levado café na cama. O mesmo Ethan sorridente das fotos. 

  O homem que eu não deveria amar; mas amava.

  Ele se levantou e andou até mim me envolvendo em um abraço de urso que me fez sentir protegida, aquela sensação de ser cuidada e não de ter de cuidar, havia voltado com tudo e me feito afundar o nariz e aspirar o seu cheiro que tanto me fascinava.

  Ele deixou de me abraçar, mas ainda próximo olhou no fundo dos meus olhos, colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, e sorrio.

  Aquele sorriso que me desarmava por inteira.

  Selou nossos lábios de modo carinhoso, não havia nenhuma luxúria ali, apenas o maior e o mais puro ato de querer expressar, o amor.

  Ao finalizar o beijo ele encostou a testa na minha e disse apenas duas palavrinhas:

  – Me desculpa.

  Afastei nossos rostos e observei enquanto ele levantava a cabeça lentamente; encontrei dois olhos marejados, encontrei um Ethan frágil e pedindo por carinho.

  – Não chora meu amor. Não tem porque se desculpar.

  – Eu podia ter matado eles, isso porque estava com raiva. Ou triste. Ou com ciúmes. Ah! Droga! Eu nem sei ao certo o que estava sentindo. - Ele começou a secar as lágrimas do próprio rosto de modo nada carinhoso.

  – Ei. - Segurei as mãos dele e olhei no fundo dos olhos do mesmo. - Sentir essas coisas é normal. Quem nunca se sentiu devastado, cheio de irá, ou louco de ciúmes que atire a primeira pedra. E outra está tudo bem, você não matou ninguém.

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