Sexta-feira, 25 de setembro de 2020.
Eu me sentia usada, me sentia estúpida, deslocada, eu achei que apenas a Beatrice era uma pequena peça no meio de tudo aquilo, mas eu também fui.
– Merda. Como eu fui burra! - Tentei puxar meu pulso para tampar meu rosto me esquecendo completamente de que estava presa. - DROGA! Filho de uma puta!!
Dei um sobressalto quando o despertador começou a vibrar alto.
Os 30 minutos haviam se passado.
E se ele tivesse mentido e eu fosse morrer de qualquer jeito?
Mas ao invés disso as algemas se soltaram, foi um alívio para os meus pulsos e para o meu braço ser solta. Massageei meus pulsos doloridos e marcados pela pressão das algemas, logo me levantando em um salto:
– Merda! O Jorge! - Comecei a procurar minhas roupas pelo quarto e me vesti rapidamente.
O Ethan realmente não queria fugir de mim, porque se não, não tinha deixado meu celular dentro da bolça, ou nem mesmo teria deixado as portas destrancadas. Tentei ligar pra o Anthony e para o Ryan porém ninguém me atendia. Cheguei à porta do elevador, mas com letras grandes na porta estava escrito: "em manutenção".
– DROGA! - Comecei a subir as escadas enquanto continuava a tentar ligar para o Anthony. - Mas que merda, onde eles estão que não me atendem?! - Coloquei o celular no bolço e continuei a subir as escadas correndo. Cinco andares de escadas nunca pareceram tão altos.
Cheguei na porta do terraço mas estava trancada. Procurei em volta por algo na intenção de abrir a porta. "Nada! Vai ter que ser na força bruta." Comecei a chutar a porta e depois do quinto chute a mesma se escancarou. O Jorge estava ajoelhado mais morto do que vivo, completamente machucado e ensanguentado, alguns passos mais longe estava o Ethan sentado em uma cadeira enquanto lia um livro, ele levantou a visão e me encarou com um sorriso que me fez travar no mesmo instante:
– Agente Hall! Eu estava te esperando para terminar essa "atrocidade" como você deve intitular, achei que você iria gostar de ver seu ultimo protegido indo para o inferno.
– Ethan, pensa bem. Ele é o seu pai. Ele te ama.
O velho ajoelhado começou a tossir, tosse essa que foi causada por uma risada que o mesmo tentava dar falhando miseravelmente:
– Eu? - Ele sorriu e os dentes sujos sangue me fizeram encara-lo horrorizada. - Eu nunca amaria esse monstro.
– Ele. É. O. Seu. Filho. - Falei com a fala entrecortada desejando que o que ele havia acabado de ouvir fosse um mal entendido.
– Esse merda?! Acha mesmo que eu considero ele como meu filho? Pra mim ele podia morrer aqui, agora, na minha frente e eu não ia sentir o mínimo de remorso; melhor seria se ele nem tivesse nascido.
O Ethan deu passos rápidos em direção ao Jorge, e não foi a primeira vez que vi naquele homem um olhar de mais pura dor, e mesmo que ele não fosse mais digno eu ainda sentia a dor dele, eu ainda queria tocar seu rosto, acariciar seus cabelos e dizer que tudo ficaria bem. Em um movimento rápido um pedaço de arame farpado estava em volta do pescoço de Jorge, e o Ethan segurava as pontas do arame com força e com lágrimas nos olhos:
– Ethan… Por favor, não faz isso. - Tentei me aproximar mais ele gritou.
– NÃO SE APROXIME!!! - Parei no mesmo instante. - EU NÃO LIGO SE ELE É MEU PAI! - O homem de meia idade ajoelhado no chão agora tossia e cuspia sangue a todo momento. - ELE ACABOU COM A MINHA VIDA, NADA MAIS JUSTO SE NÃO ACABAR COM A DELE TAMBÉM!
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Vermelho Sangue
Random⚠️ATENÇÃO: Obra +16. Contém linguagem imprópria, palavrões, apologia ao sexo. Temas que tratam de suicídio, depressão, assasinatos e tortura. Caso sinta gatilho, aconselho que não leia, para o seu próprio bem. ...