24. Memórias Do Passado

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Segunda - Feira, 7 de setembro de 2020.
 

  Depois de voltar pra casa eu não consegui pregar os olhos por mais de 30 minutos, tudo me fazia lembrar da Marta e o corpo ensanguentado, ou da Vivian e os gritos estridentes, e até mesmo da tal Beatrice.

  Eu só queria que pegassem ela, para interrogá-la e obter algumas respostas, nem que fossem mínimas. Não saber o porquê de tanto ódio despejado em apenas uma diretora escolar me deixava nervosa, aflita e ansiosa.

  Por isso, na segunda feira eu passei a manhã e a tarde toda vendo e revendo depoimentos e fotos, infelizmente no dia que eu havia resgatado o Johnny daquela cozinha abandonada eu não havia tirado fotos de como ele estava, mas a imagem ainda estava fresca na minha mente, ainda mais por ter ocorrido a pouco tempo atrás.

  Observar bem o ambiente que eu não conheço, ajuda muito nesse tipo de situação. Comecei a tentar me recordar se o corpo do Johnny tinha algum tipo de hematoma parecido com o da Marta. Porém a única coisa parecida era a fixação do serial killer com os olhos das vítimas; tinha uma faca fincada no olho direito da Marta, mas era apenas um palpite já que o Johnny tinha sido o olho esquerdo.

   Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro:

  – QUE MERDA!! - Joguei os papéis na cama. - Não tem sentido nenhum!! E tudo fica mais confuso quando eu sei que as vítimas são cinco pessoas que não tem nada a ver uma com a outra! 

  Parei de frente para a janela, e observei o pôr do sol, aquela semana tinha a previsão de ser a mais quente até então, é claro que não chegava a ser um sol quente ao ponto de suar só por ir até a esquina, mas era aconchegante pra ir em uma piscina, por exemplo. Por isso o por do sol estava lindo, os tons passavam uma certa calma.

  Fiquei ali observando o sol se pôr até o ultimo raio de luz, pra depois voltar à grande quantidade de papeis espalhadas pela cama.

  Já eram oito horas da noite, eu estava morrendo de fome, mas havia prometido pra mim que só sairia daquele quarto quando encontrasse algo que realmente me levasse ao serial killer, mas eu não encontrei definitivamente NADA. 

  Era como se eu tivesse entrado em um bosque à noite sem uma lanterna, e estivesse procurando por uma mosca.

  É. Eu acho que isso representa bem como eu estava me sentindo referente a aquilo tudo.

  – Clover? - Ryan perguntou batendo na porta.

  – Entra. 

  – Não vai comer nada? Está ai desde as 9 da manhã. - Ele abriu a porta devagar.

  Eu não precisei falar nada, minha barriga respondeu por mim.

  – Greve de fome até encontrar algo útil? Sabe que isso é idiotice né? - Ele falou encostando na porta.

  – É que isso é muito estranho. Todo plano tem uma falha, porque esse não tem?

  – A gente vai encontrar alguma coisa no meio de toda essa papelada. Mas pra ter foco a gente precisa comer alguma coisa, de que adianta você ficar o dia todo vendo fotos, observando estritamente o histórico das vítimas, ou lendo e relendo o depoimento das pessoas se não estiver a vontade com seu corpo? Chega disso. - Ele veio até a minha cama e começou a juntar os papéis.

  – NÃO.

  – SIM! Você está enfurnada aqui dentro o dia todo. Vamos jantar. Eu pedi uma feijoada. Eu só comi uma vez, conheci uma mulher brasileira que me levou em um restaurante lá em Nova Iorque, é e muito bom! Você tem que experimentar. Vai anda logo.

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