22. Assasinato

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Domingo, 6 de setembro de 2020.

  Já no corredor do hospital, percebi que o Ryan estava me esperando sentado em algumas cadeiras à frente da porta do quarto; ao me ver ele se levantou:

  – Eles disseram que a gente só poderia entrar uma vez para interrogá-la, então eu achei melhor esperar por você, pra nós entrarmos juntos.

  – Então a gente já pode entrar?

  – Não. A enfermeira está lá dentro, e falou que quando a Marta acordar ela vem aqui nos chamar.

  Soltei um suspiro pesado e me sentei em uma das cadeiras, enquanto o Ryan parecia querer formar uma cratera no chão andando de um lado para o outro.

  Depois de vinte longos e tortuosos minutos de espera, a enfermeira saiu do quarto, olhou para nós com uma expressão de desdém e empurrou a porta de um modo que pudéssemos entrar.

  A Marta se encontrava recostada a cama com os olhos semicerrados; estava tão branca que parecia que abrir a boca nem que fosse pra soltar um suspiro, seria motivo suficiente para fazê-la desmaiar. Seu corpo e rosto tinham um aspecto de mais morta do que viva:

  – Que tipo de intoxicação é essa? - Perguntei antes da enfermeira sair.

  – Chumbinho.

  – Desde quando isso está no organismo dela?

  – Desde a hora que ela tomou o café da manhã, estava no alimento dela.

  – Pode explicar melhor? - Ryan falou tirando os olhos de Marta e redirecionando-os para a mulher que estava em pé ao lado da porta.

  Ela deu um suspiro pesado como se não quisesse falar nada, apenas se retirar daquele recinto:

  – Tá. - Ela fechou a porta com um estrondo e se sentou em uma poltrona do outro lado do quarto, perto das janelas. - Comece.

  – Você tem alguma informação? Por exemplo o que ela comeu, que poderia ter o chumbinho? - Perguntei gentilmente.

  – Olha, essa pergunta teria uma resposta muito melhor e mais concreta, se vocês perguntassem à algum dos familiares dela que estava presente no momento, ao médico que a examinou, ou diretamente pra ela.

  – Parece que a senhorita não está muito interessada em conversar, então pode se retirar e ir fazer o que você estava tão empenhada antes. Obrigado pela "colaboração". - Ryan falou ríspido.

  – Eu só comi um pedaço de bolo de milho que eu sempre mando a minha cozinheira preparar pra mim. - Marta falou com grande esforço nos fazendo encará-la. 

  Ouvimos a porta se fechar atrás de nós, não foi uma batida forte mas também não foi um incrível gesto de delicadeza:

  – Eu não gosto nada dessa enfermeira. - Marta falou no que pareceu um sussurro, ela até deu uma risadinha mas se conteve por causa da tosse áspera e pesada.

  – Está tudo bem? - Ela assentiu. - Realmente, essa enfermeira não parece muito simpática. Eu vou tentar fazer perguntas de um modo que você não tenha que falar muito, ok? - Ela assentiu novamente. - Além do bolo, a senhora comeu ou bebeu mais alguma coisa esta manhã?

  – Sim, uma xícara de café. Mas eu nem bebi muito, foi como se ele tivesse ajudado o chumbinho a fazer efeito mais rápido.

  – Entendo. Então a Senhora acredita que tenha sido o bolo o causador de tudo? - Ela afirmou. - Mas alguém da família comeu o bolo?

  – Não. Eles não gostam de bolo de milho, e sabem que eu não gosto de dividi-lo.

  – Por acaso ouve algum problema entre você a a sua cozinheira? Talvez um desentendimento? - A mesma negou. - Nada mesmo?

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