43. Saudade

94 8 1
                                    

Quinta-feira, 24 de setembro de 2020.

  Aqueles foram os quatro dias mais estressantes de toda a minha vida. 

  A Maya tinha começado com a ideia maluca de enviar mensagens assustadoras e perturbadoras para o Ryan na intenção de colocar medo nele.

  A Beatrice depois de ter sido presa, começou a falar umas coisas sem sentido e usava qualquer objeto perfurante para se automutilar, além de estar arrancando os próprios cabelos e gritando igual uma louca; tiveram que fazer um laudo nela e descobriram que a mesma estava com sérias lesões cerebrais, como se estivesse levando choques constantemente, por isso as respostas dela eram tão calculadas, estavam usando aparelhos de voltagens altíssimas para fazê-la dizer o que queriam.

  O Antony explicou que eles queimavam os miolos dela constantemente em uma rotina cronológica, e a falta dessa atividade no corpo dela estava fazendo a mesma se recordar do que havia acontecido nos momentos de tortura, por isso dos gritos e atividades suicidas. Porém ela não dizia coisa com coisa graças ao cérebro que já estava muito danificado.

  Ou seja, isso nos levava a crer que ela era apenas uma pecinha em um quebra-cabeça enorme, estava sendo usada desde o começo. Isso nos levava de volta à estaca zero, porque até ali a gente ainda tinha pelo menos ela como uma das culpadas, agora nós nem tínhamos mais certeza se era realmente ela quem matava as pessoas ou se apenas assumia a culpa.

  Também tinham os jornais, tanto os físicos quanto os que passavam na TV, não paravam de passar matérias sobre o suposto serial killer que estava matando pessoas influentes na cidade de Westminster, o bom, é que eles realmente ficaram com medo e não usaram as matérias sobre eu e Ryan, se não nós teríamos muito o que explicar.

  Eu estava uma bagunça, minha cabeça estava uma bagunça, a minha VIDA virou uma bagunça, e o pior era que a única coisa que eu conseguia pensar era, o como eu estava com saudades do Ethan.

  – Que merda!! - Gritei jogando a luva de box no chão.
 
  Todas aquelas merdas acontecendo, e na minha cabeça tudo iria melhorar apenas se eu o visse. A gente ainda não tinha se visto a semana toda, eu não sei se ele estava bravo comigo por causa da situação no sábado à noite, ou se ele só estava completamente atolado de trabalho assim como eu.

  – Cansei.

  Comecei a guardar as luvas no lugar e saí da sala de treinamento com passos rápidos. Eu precisava ver ele, eu queria ver ele, então eu iria na casa dele.

  Tomei um banho tão rápido que realmente ficaria surpresa se soubesse que lavei bem todas as partes do meu corpo, coloquei uma calça jeans, uma cacharréu preta de manga longa, minha bota preta de cadarço e joguei por cima meu sobretudo preto. Meu cabelo ainda estava finalizado então só chacoalhei o mesmo, peguei a mesma bolsa que eu havia usado no domingo quando fui na casa Smith, a chave do carro e desci para o estacionamento. Assim que eu estava na BMW azul, acelerei rumo ao apartamento dele.

  Alguns minutos depois parei na frente daquele hotel luxuoso, e deixei meu carro em um acostamento perto do hotel. Desci do veículo e entrei rapidamente no edifício. Eu ainda me lembrava bem, " 21º andar, porta 248".

  Antes que eu pudesse seguir em direção ao elevador, uma mulher me parou:

  – A senhorita vai para qual andar?

  – Vigésimo primeiro, no apartamento 248. Vou ver o… meu namorado, Ethan Cooper. - Se eu não dissesse aquilo ela não iria me deixar subir.

  – Ah, a senhorita deve ser Scarlett Turner, não é?

  – Isso.

  – Pode me mostrar sua identidade, por favor? Não me entenda mal, nós só queremos a segurança dos moradores.

Vermelho Sangue Onde histórias criam vida. Descubra agora