48. Obrigado...

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Dois meses depois.
Terça feira, 24 de novembro de 2020.
Westminster - 14:00 pm.

  Ethan.

  Fazia três semanas que eu estava me escondendo na casa do campo, à partir de um momento ficou praticamente impossível de se esconder na cidade, nem as sombras da noite estavam me ajudando a encobrir meus rastros. Depois que a minha vingança contra os cinco filhas da puta começou, eu não tinha mais cabeça ou tempo para pensar em matar outras pessoas que não fossem eles, mas depois que a vingança acabou e a Clover foi embora, minha sede de sangue voltou e eu estava matando qualquer pessoa que ousasse atravessar no meu caminho.

  A frase dela antes de eu ter virado às costas para ir embora há 2 meses atrás, ainda martelava na minha cabeça à todo momento. 

  "Esse seu jeito de amar é horrível! Eu queria nunca ter te conhecido."
 
  Ela me fez lembrar do meu pai dizendo que "era melhor se eu nem tivesse nascido", se eu não tivesse ido embora teria pegado aquela arma e atirado na cabeça dela, assim como ela havia pedido.

– Ethan? - Me sobressaltei ao ver o Thomas entrando rápido pela porta. - Você ainda não pegou um avião e foi embora desse país?

 – Não iria adiantar de nada, Thomaz. Os aeroportos devem estar com o meu rosto estampando em todas as paredes. Seria como me entregar de bandeja para os agentes. - Ele coçou a cabeça preocupado. - Cara, eu já disse pra você não se preocupar com isso e parar de me procurar. Vai viver a sua vida, seu nome está limpo, eu fiz de tudo e mais um pouco pra esconder a sua cumplicidade comigo. - Coloquei as mãos nos ombros dele. - Re faz a sua vida e para de tentar me ajudar, vai ser o melhor que você vai fazer.

  Ele me encarou e depois de alguns segundos assentiu:

  – Ok. Mas cara, promete pra mim que vai se cuidar? Você é como um irmão pra mim, você sabe!

  – Tá, legal. 

  – Mas, antes de ir. Eu posso te perguntar uma coisa?

  – Claro.

  – Você ainda ama ela? - Encarei o mesmo com o cenho franzido. - Não se faz de idiota, cara. Lembra naquela noite? Você me ligou e disse que eu precisava te ligar inventando um motivo pra você me encontrar porque você precisava espairecer. Quando você chegou no bar despejou tudo. Que a agente Clover estava na sua casa, que ela tinha chegado lá morrendo de saudades de você assim como você estava dela, que você já nem tinha mais certeza se iria matar o seu pai, isso tudo por causa dela. E agora, quando eu cheguei aqui, você estava avoado, acredito que pensando nela. Você realmente se apaixonou por ela, não foi?

  – Desde a primeira vez que eu a vi. - Falei me jogando no sofá. 
  Foi tão estranho pra mim sentir um sentimento tão positivo quando todos os outros eram tão obscuros, ela sempre desencadeava o melhor em mim. Com ela eu me sentia uma criança, ela despertava em mim aqueles sentimentos de quando eu era pequeno e me sentia amado, amparado. 

  Parece idiota quando vindo de um assassino mas, o sorriso dela iluminava meu dia, a risada e a voz dela eram a melhor trilha sonora para alegrar um dia ruim, sentir o beijo, o toque dela, o corpo dela, se assemelhava a ser tocado por um anjo. No começo eu fiquei assustado em como eu gostava de me abrir com ela e o modo como eu fazia isso com facilidade, mas então eu fui me acostumando com o sentimento, eu comecei a sentir ciúmes dela, querer ela por perto, e então, a me culpar pela falta de esperanças dela com relação ao trabalho, porque eu tinha noção de que ela não conseguia nada justamente por minha causa.

  Eu realmente cheguei a cogitar a ideia de não matar meu pai, porém eu já tinha chegado até ali, não iria desistir da minha vingança. Por isso eu contei meus reais sentimentos à ela; por isso que eu disse que a amava. Porque eu sabia que ela não iria voltar pra mim.

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