47. Preciso de Uma Pausa

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  Sábado, 26 de setembro de 2020.
  Londres: 19:00 pm
  Nova York: 14:00 pm
  Aeroporto de Nova York.

  Depois de desembarcar e me despedir do Enzo, peguei um táxi em direção ao meu apartamento. 

  Depois de entrar no meu pequeno mas aconchegante lar fiquei observando o mesmo por um tempo. Era muito bom estar de volta, mas eu ainda me sentia tão vazia. Aquele ambiente não parecia mais o mesmo, faltava alguma coisa.

  Me joguei no sofá e fiquei olhando para um teto por um bom tempo, até meu celular vibrar dentro da bolça, peguei o mesmo:
 

  – Alô?

  – Oi Clover. Chegou bem?

  – Cheguei, sim chefe. Obrigado por ter mandado alguém para organizar meu apartamento pra mim.

  – Eu imaginei que você não fosse se sentir muito disposta quando chegasse, tanto pelo tempo da viagem quanto pelo ocorrido de Londres. Bom, vou deixar você descansar. Até amanhã, Clover.

  – Até.

  Encerrei a ligação e fui em direção ao banheiro para tomar um banho, depois de colocar um pijama largo, comi alguma coisa e tentei me entreter com algum programa na TV, porém nada me chamava a atenção, por isso às 16:30 da tarde me deitei na minha cama e fiquei esperando que meu sono viesse, tentei até mesmo ligar para minha mãe porém mesmo depois de duas chamadas perdidas ela não me atendeu, devia estar ocupada com a floricultura.

  Decidi me levantar e guardar as roupas da mala, talvez isso ocupasse um pouco mais do meu tempo. Pelo menos era o que eu queria, eu não aguentava mais passar horas e horas remoendo todo o meu sofrimento, e as consequências das minhas escolhas um dia feitas.

  E foi na força do ódio que eu consegui deixar meus olhos fechados e descansar, mesmo que eu tivesse acordado chorando três vezes só naquela noite, sendo atormentada pelos meus novos medos.

  Domingo, 27 de setembro de 2020.

  Era perturbador pensar que dentro daquele caixão estava alguém com quem eu havia convivido todos os dias. Era inexplicável toda aquela dor e eu me sentia desmontada e apta a cair a qualquer momento.

  O Anthony havia entrelaçado o braço ao meu na intenção de me oferecer algum suporte, e eu agradecia muito a ele mesmo que silenciosamente por tal ato. Se ele não estivesse me segurando eu já teria demonstrando toda minha culpa caindo em prantos no meio de todos aqueles agentes e da família do Ryan.

  Os pais adotivos dele estavam ali, a mãe dele chorava tanto que a cerimônia teve de ser interrompida três vezes para que ela pudesse se acalmar, mesmo não sendo a mãe dele de sangue, ela nunca pode ter filhos assim como o marido, e conseguir a guarda do Ryan foi como uma realização para a mesma que sempre quis ser mãe.

  Quando a cerimônia acabou e o caixão foi lacrado e enterrado, pouco a pouco todos foram indo embora. 

  Enquanto meus pés pareciam fincados à terra e as lágrimas não paravam de cair a nenhum momento. Senti as mãos do Anthony esfregando minhas costas:

  – Vai passar, Clover. Pense que ele está em um lugar melhor.

  Abracei o mesmo e ele continuou acariciando minhas costas enquanto eu tentava conter minhas lágrimas.

  Depois de alguns minutos consegui me acalmar e me afastei do Anthony que colocou a mão no meu ombro:

  – Você comeu alguma coisa? - Neguei com a cabeça ainda secando as lágrimas.

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