Minha musa, minha vida, minha Monalisa

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                    MAX MAYFIELD
                          Bad girl
                                ❥

Eu nunca depositei minha fé em um Deus, ou em uma igreja. Nunca consegui entender essa adoração toda por alguém que sequer viram uma vez na vida, uma fé em algo invisível.

Sempre pensei que Deus é um homem narcisista, que exige ser adorado o tempo todo para que ele recompense os outros por sua idolatria. Nunca ousei crê em Deus que deixa inocentes serem mortos, mas se julga tão justo. Alguém que deixa a fome, morte, dor e sofrimento para os mais ingênuos e a riqueza, e poder para os mais maquiavélicos.

Nunca ousei sequer lhe clamar algo, pois sei que não o fará.

Mas agora...

Agora eu, Max Mayfield, questionadoura e julgadora fiel que aflige e desrespeita esse Deus tão temido e adorado, estou em frente a uma igreja, clamando por sua ajuda para ele salvar aquela que eu mais amo. Amo. Eu realmente amo ela.

É uma igreja com aspecto antigo, o sino da catedral tocou pela terceira vez anunciando o fim da tarde. Ao abrir a porta de madeira, já corroída por os anos que se passaram, avistei o tapete vermelho se embolar até o altar, onde se encontrava a imagem de Jesus Cristo pendurado na cruz. Meus joelhos falharam no mesmo instante, minha cabeça explodia em dor e a imagem dela tão...tão diferente não saía da minha cabeça, a possibilidade de perdê-la se intensificou quando lembrei de como eu era antes dela. Os meus pés não aguentaram o peso desses pensamentos, eu cedi de joelhos ao chão, com as mãos estiradas pelo térreo e lágrimas teimosas e incontroláveis rolando entre meu rosto. Apenas o som do meu choro vazio e temeroso era escutado ao redor daquelas paredes antigas. O choro que forá guardado, a dor acumulada, o temor de sobra se extrapolou da cota, e todos sabem o que dizem sobre sentimentos reprimidos.

Me arrastei com dificuldade pelo chão, as lágrimas cercavam o caminho e eu só conseguia chorar. O tapete se embolava com meus cabelos tão vermelhos quanto os meus olhos já inchados, meu corpo estava tão seco como folha desgastada no verão, e meu choro só se prolongava.

Eu sei que não posso fazer mais nada, mas tentarei até a mais improvável e sem noção ideia para vê-la bem.

— Por favor... - sussurrei baixinho, pois minha garganta estava seca, ao ponto de minhas palavras saírem como um murmuro e sumirem junto com o vento sem ser ao menos perceptível.
— Nunca tivemos uma relação boa, nunca lhe adorei e nem pretendo. Mas se o Senhor de algum lugar das dimensões desse mundo puder me ouvir, me ouça só por uns instantes.

Tossi um pouco, fazendo a saliva se misturar com as lagrimas salgadas.

— Salve-a! Não espero que me dê de graça, por isso, se quiser, pode me tirar tudo, eu não me importo, pois sem ela todas...todas essas coisas não fazem sentidos. Salve-a! Nem que leve consigo minha alma, mas deixe-a ser feliz; não me importo se será comigo, mas que ela esteja salva e alegre.

Me ajoelhei plena a tapeçaria, com uma expressão preocupante, e o rosto inchado.

— Parece ridículo, tolo e clichê, mas eu sinto que me demonstrar tão romântica não é tão patético quanto parecia antes dela. Pode pensar que é amor juvenil, aquele que queima e incendeia, mas que apaga com a brisa que se passa deixando para trás apenas os resquícios dessa fogueira frívola. Mas não é. Meu amor por ela não é assim, é mais que isso! - funguei, direcionando meu olhar para os meus sapatos sujos de lama, pois vim correndo do laboratório até aqui — É como o amor dos pinguins. Quando o macho oferece cortesia a fêmea, e eles se casam, constroem uma união tão fiel e segura quanto o próprio chão que pisamos. Eles não se separam nunca! Nunca! É para sempre. Não importa se os dias sombrios chegarem, ou se o sol não se pôr no horizonte, eles continuam juntos...

Minha voz soava tão desesperada, tão rouca e fraca ao mesmo tempo. Me engasguei com minha própria saliva que se formava a rios na minha boca, por não ter tempo nem para respirar enquanto ditava aquelas palavras para um Deus que sabia, nem sequer se era real.

— Eu sinto...eu sinto que se não continuarmos juntas, os dias sombrios chegarão e o sol jamais irá se pôr no horizonte. Eu sinto que se ela me deixasse, meu coração seria tão frio quanto a própria Antártida - fui rastejando até o altar, minha roupa já desgastada de tão suja que estava — Eu sou capaz de tudo por ela. De atravessar o pacífico pelada, de matar sem nenhum tipo de piedade se fosse por ela, de destruir o Astro Rei, invadir a área 51, liderar uma revolução e me sacrificar, feliz, caso isso garantisse que ela ficasse bem.

— Você realmente a ama, não é mesmo? - uma voz tão doce e inocente soou atrás de mim, fazendo-me virar de imediato e vê ali uma garota, um tanto, estranha. Seu rosto, assim como sua pele por completo é extremamente branca, seus cabelos loiros quase platinados desciam até perto dos seus joelhos e seus olhos fofos e agradáveis tão azuis quanto os meus.
— Me desculpe chegar de repente e te assustar, não era minha intenção.

Se aproximou um pouco mais, fazendo com que a luz do sol diminuísse em seu rosto a cada passo, deixando-me avistar suas vestimentas excêntricas e distintas.

— Deixa eu me apresentar. Prazer, Luna Lovegood.

Me levantei, já criando certa resistência em minhas pernas. Eu estava vermelha de vergonha, me odeio por ter falado tudo isso em voz alta; nunca gostei de falar sobre meus sentimentos, eu os escondia ate de mim mesma.

— Eu sou Max Mayfield - antes que eu pudesse retornar a falar, ela tomou a frente.

— Deve amá-la muito! - exclamou, com um sorrisinho fofo nos lábios.

— Sim eu amo ela, muito! - a loira inclinou a cabeça para o lado em um gesto fofo
— Desculpe perguntar, mas o que quer comigo?

— Eu vim lhe buscar. Precisa vir comigo, caso queira que Eleven sobreviva.

Deu as costas para mim e começou a andar, dando pulinhos e fazendo dancinha durante a travessia. Eu lhe olhei, já estava na porta da igreja e corri em sua direção, tentando acompanhá-la.

— Ei! Espera! Como sabe da Eleven? Volta aqui, agora.

Ela já estava do lado de fora, continuava andando, ignorando minhas perguntas como se elas não existissem.

— Ei! Você tá louca-

Gritei ao vê-la indo em direção a maior árvore daquela região, como se tivesse a capacidade de ultrapassá-la. Ergui minhas mãos ao alto, tentando alertá-la pela milésima vez que se machucaria caso tentasse atravessar a árvore, mas ela ignorou. Passou diretamente pelo tronco, como se a árvore lhe absorvesse, e sumiu por alguns segundos antes de retornar novamente com a metade do corpo dentro da estrutura. Eu gelei na hora.

— Você vem?

— Por que eu entraria aí sem saber o que você quer?

— Eu já disse! Quero salvá-la, salvar a garota pelo qual você se sacrificaria. Acredite, ela é tão importante para mim quanto você, não entenderia se eu explicasse agora. A história é tão extensa quanto a vida da Rainha Elisabeth, então, por favor - fiquei frente, a frente com ela, que me estendeu a mão. Eu desci meus olhos lentamente até seus dedos estirados — Se aquilo que disse na igreja for verdade, que você nadaria o pacífico pelada por ela, por favor...

Sussurrou a última palavra em um tom desesperado. Eu a olhei novamente, determinada, e lhe estendi a mão; ela logo abriu um sorriso, e me puxou para dentro da árvore. Senti um arrepio intenso passar por o meu corpo assim que atravessei, como se eu estivesse dentro de alguém.

Abri meus olhos quando aquela irritação passou, e dei de cara com o ser mais nojento, sem escrúpulo e idiota que eu já vi na vida. Dr. Brenner.

NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR!

darkness and shadows (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora