Fim.

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Capítulo narrado pela autora, para melhor entendimento dos fatos.

Os choques lhe invadiram com uma densidade proporcional, fazendo com que suas costas fossem arqueadas com sensação daquela colisão descendo por suas costas. Seu grito fazia com que os ouvidos de todos se estremecesse. Quanto mais a voltagem do aparelho aumentava, mais ela apertava o tecido da maca e a mão de Max que continuava estendida.

— Atingimos a voltagem máxima! - berrou Brenner, olhando para Max que se agoniou e olhou para sua namorada deitada aquele leito horripilante.

E naquele momento, que em seu corpo jorrava raios eletrizantes, em sua cabeça despertava outro cérebro que corria desesperado pelas paredes da sua cabeça, ela viu.

Viu aquela luz no fim do túnel, aquela luz que lhe invadiu e clareou tudo aquilo escuro, aquela luz dos 30 segundo antes, aquela luz que ilumina tudo e deixa claro com quem mais nos importamos minutos antes de partir.

Eleven nunca acreditou nessas coisas porque esteve sempre  a beira da morte, e nunca viu ninguém do outro lado. Mas agora ela enxerga, vê cabelos ruivos como brasa no inverno e olhos azuis tão reluzentes quanto o oceano.

Vê o tempo correndo tão rápido quanto a luz e avançando pelos momentos mais intensos que um dia viverá, será coincidência todos eles ser ao lado dela?

❝ — A Max é sonambula, ou ela fica andando pela casa, ou fica falando enquanto dorme. E ultimamente, a única coisa que ela diz, enquanto dorme, é sobre você - eleven tentava controlar para os seus lábios não se abrirem em um sorriso, mas foi quase inevitável — Lady Jane, para cá, Lady Jane para lá. Eu estava prestes a cedá-la. ❞

Se recordou daquele dia, em que, olhou pela sua janela e viu ali Max com um buquê em mãos e um microfone na outra, Will estava ao seu lado com uma espécie de pandeiro, Dustin com um violão pequeno e Pansy com uma flauta.  Quando Will começou a bater o pandeiro ela gargalhou, se lembrou de como aquilo
estava literalmente, sem nenhum ritmo.

Lembrou-se de como Max lhe olhava, de maneira sonhadora e apaixonada.

— Amor da minha vida, daqui até a eternidade - começou a bater os pés no chão para criar ritmo — Nossos destinos foram traçados na maternidade.

Gargalhava com a voz embargada e totalmente bêbada de Max.

— Paixão cruel, desenfreada. Te trago mil rosas roubadas - apontou-lhe o buquê de flores, que realmente pareciam ter sido recém-cortados de alguma horta — Pra desculpar minhas mentiras, minhas mancadas....

Recordou-se do primeiro beijo...

Os olhos fechados, as mãos erguidas para o ar, o som da chuva na calçada, os raios eletrizantes e a água rodopiando, enquanto ela dançava.

Lembrou dos seus lábios nos de Max, de como o gosto do seu sorvete de chocolate havia dado um sabor bom ao beijo. De como a língua das duas se movimentavam, e explorava cada centímetro de suas bocas. Se recordou de como aquele beijo quente lhe aqueceu, o quanto lhe aqueceu por inteira, como se ela fosse sua fogueira em uma noite fria de inverno, a aquecendo e a embalando em si.

O dia do parque...

Recordou-se dos olhos acinzentados de Max, iluminados pela lua afora, lembrou do flash da luz de segundos que os mirantes da ruiva deixou escapar, a vida em meio as sombras daquelas órbitas azuis. 

— Nunca tinha reparado que seus olhos são tão acinzentados.

— Eles costumam ser bem mais.

darkness and shadows (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora