Minha Monalisa

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                    JANE HOPPER
                          Good girl
                                 ❥

Não sei se suas desculpas em relação a se aproveitar de mim enquanto eu estava bêbada eram reais ou não, senti verdade e veracidade nas suas palavras, mas eu não consigo acreditar nela.

Acho que é porque toda vez que olho ou penso em seu rosto, lembro-me de suas palavras.

Eu ainda a amo, mas isso não significa que eu vá confiar nela. Por isso, prefiro me manter neutra em relação a isso, em relação a ela, e aos meus sentimentos que tento ao máximo empurrar para de baixo do tapete.

Confesso estar piorando, em relação a minha saúde. Na verdade, tudo estava piorando. Quanto mais aquela coisa crescia, mais eu ficava fraca, eu era a energia vital dele, onde o mesmo recuperava suas forças, deixando-me fraca e incapaz. Sentia que a qualquer momento eu iria explodir.

— Filha? - Hopper anunciou sua entrada pela porta da frente. Ele vinha com uma esperança no olhar até mim.

— Oi pai.

— Como você está?

Hopper estava sempre preocupado comigo, de como eu me sentia, se eu comia normalmente ou se eu dormir bem. Eu o amo. Ele é um pai, um protetor, um amigo e um defensor, aquele tipo de pai bem mandão, mas que daria TUDO para me vê bem. E eu também daria TUDO para vê-lo bem.

— Nada bem, só vai crescendo - apontei com o rosto para minha barriga.

— É - se sentou ao meu lado, pondo a mão em minha testa e fazendo carinho em minhas madeixas esgrelhadas — Nós achamos um jeito.

— O Dr Owens achou? - minha pupila, aquela altura, com certeza havia dilatado, pois, minha empolgação era nítida.

— Não...- sussurrou — O Dr. Brenner.

Eu arregalei meus olhos. Ao ouvir aquele nome as lembranças do laboratório me invadiram e atravessarem uma parte do meu peito, fazendo-me recordar de cada momento de tortura física e psicológica, do meu sofrimento e do da minha mãe. As imagens passaram como flash, tirando-me da realidade e fazendo-me vê tudo aquilo em um telão de momentos malditos e monstruosos. Nunca pensei que fosse ouvir o nome dele novamente, ou iria vê-lo, mas quando o mesmo passou pela porta do meu quarto eu percebi o quanto ele ainda me afetava.

O terno cinza sobre o corpo, os sapatos brilhantes sem nenhum risquinho de poeira, e a face da mal. Aquela face que tanto me atormentou, e carrega a cicatriz e culpa de todos os meus traumas.

Me encolhi sobre a cama, embalando meus braços em volta dos meus joelhos. Por segundos, eu me tornei a mesma Eleven de anos atrás, uma criança amedrontada e insegura, que ele manipulou e usou. Por segundos, voltei a ser o mesmo animalzinho machucado.

— Não... - minhas mãos escorregavam sobre minha pele, devido ao suor em excesso que se produzia ao vê-lo. Max entrou pela porta, em um desespero nítido, vindo até mim e segurando minhas mãos escorregadias.

Embora eu quisesse soltá-la, minha mente, meu coração e nem eu, queria que o fizesse. Uma parte de mim, ainda quer que ela segure minha mão, e me impeça de pular do penhasco que eu sempre me atrevo a retornar: o meu passado.

Ela amarrou meus cabelos em um coque rápido, e ficou frente a mim, segurando meus dedos com firmeza e me passando segurança.

— Olha para mim! - tentou me convencer a encarar seus olhos, em meio as lágrimas perdidas e desesperadas dos meus mirantes. Eu nem sequer a via, minha visão estava embaçada, era como se tudo aquilo que eu passei nesse laboratório viesse a tona agora que o vi. — Vamos lá. Qual a coisa que você mais gosta de fazer?

darkness and shadows (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora