Nem preciso me encontrar

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MARATONA 5/9

                   JANE HOPPER
                        Good girl
                                ❥

Comecei a abrir minhas pálpebras lentamente, ainda sonolenta, ao ouvir a chuva escorrendo pela rua lá fora. Forcei meus olhos, e logo senti uma dor aguda na minha cabeça, coloquei minha mão em cima do machucado dolorido e urrei baixinho. A atmosfera do local era estranha, é como se eu não tivesse em casa, e ao me espreguiçar e abrir os olhos percebi que ali não era o meu quarto.

Pulei da cama, me sentando logo em seguida, passei meus olhos pelo quarto cheio de posts e bati os mesmos na figura da ruiva, deitada desajeitadamente na poltrona com a cabeça virada para o lado e suas pernas se espremendo no estofado.

Eu abri minha boca em choque, puxei o lençol que cobria o meu corpo e percebi que usava apenas, minha lingerie. Olhei para ela novamente, e para meu corpo seminu, comecei a forçar minha mente para lembrar o que havia ocorrido. Tentava, tentava de verdade, ter pelo menos uma noção do que houve noite passada, mas só lembrava de ter ido à festa e que aconteceu algo ruim que eu também não me recordava.

Ao ver que Max se mexeu na poltrona, dando indícios que já acordaria peguei meu vestido jogado no canto do quarto, pus ele rapidamente sobre o meu corpo e sai de fininho com os meus sapatos em mãos. Ao passar pela porta, pude ouvir um rádio anunciando que era sete horas da manhã, e uma mulher ruiva de vestido longo e um avental em volta do corpo coando o café na beira da pia.

Tentei ao máximo não fazer barulho para ir até à porta, mas ela viu meu reflexo pelo vidro da janela e se virou rapidamente. Me analisou com suas esferas azuis, era tão bonita quanto Max, logo após, de ver minhas roupa e meus sapatos em mãos abriu um sorriso singelo.

— Oh querida - largou o coador na pia e veio até mim, pegou em minhas mãos, entrelaçando nas suas, com uma alegria nítida — Você é a namorada da Max? Ah, eu sabia que ela me escondia algo.

Passou suas mãos pelos meus cabelos, os ajeitando e desembaralhando os fios embolados.

— Você é a garota perfeita para minha Max! - disse alegre.

— N-não, eu não sou a namorada da Max.

Ela olhou para mim, como se falasse para mim, parar de fingir e admitir namoro sua filha.

— Pode parar, querida. Venha sentar-se, tome café comigo, a Max acorda já já - olhou o relógio que tinha no pulso
— Nesse horário eu e ela vamos fazer caminhada, ela ama, você pode vir conosco. Você é a filha do Hopper, não é?

— Sim! - confirmei — Desculpe, eu e ela realmente não temos nada, somos apenas amigas.

Ela gargalhou, e balançou a cabeça como se eu contasse uma piada.

— Pois avise isso a ela, pelo visto meu solzinho ainda não sabe. A única coisa que sai do quarto dela é o seu nome! - confirmou, eu me espantei.

— O que a senhora quer dizer com isso?

— A Max é sonambula, ou ela fica andando pela casa, ou fica falando enquanto dorme. E ultimamente, a única coisa que ela diz, enquanto dorme, é sobre você - eu tentava controlar para os meus lábios não se abrirem em um sorriso, mas foi quase inevitável — Lady Jane, para cá, Lady Jane para lá. Eu estava prestes a cedá-la.

Abaixei minha cabeça, e deixei minha alegria se irradiar em um sorriso.

— M-mãe - ouvi max chamá-la, com a voz rouca e um tanto manhosa. Ao ver que ela sairia logo do quarto, arregalei meus olhos, apertei as botas pretas que tinha em mãos e percebi que uma não era o, pá da outra, eu havia pegado a dela, dei de ombros e sai correndo, passei pela porta rapidamente e só pude ver a expressão espantada da mãe da Max, quando me viu correr destrambelhada.

Ao chegar em frente a minha casa, com as pernas mancando, pois, as botas de Max eram mais baixas que às minhas subi preguiçosamente a escada, com cuidado, pois estava tudo molhado pela chuva de mais cedo. Passei pela porta, e ao retirar minhas botas, vi Hopper correr rápido em minha direção com a expressão preocupada e um olhar temeroso.

Eu o olhava com as sobrancelhas erguidas, enquanto ele me analisava, como se procurasse qualquer erro ou sinal de que eu não estava bem, depois me embalou em um abraço forte e protetor. Seus braços pesados enrolaram meu corpo, apertadamente como se tivesse medo de que eu fosse embora, eu passei meus braços pelo seu ombro retribuindo o abraço, senti o cheiro de seu cabelo, misturado com seu perfume forte.

— O que foi pai? - ele sorriu. Amava quando eu o chamava assim.

— O Lucas deu uma surra legal naquele crápula em - sorriu mais ainda — Preferi que você dormisse na casa da Max, eu não saberia o que fazer e com certeza mataria aquele garoto. Sabe, eu sou um xerife, saberia esconder um corpo.

Eu o olhei, assustada. Não lembrava de absolutamente nada, o que será que aconteceu para o Lucas bater em alguém? Quem era esse crápula? Perguntas. Muitas delas me invadiram. Desvencilhei dos braços dele, o olhando com o cenho franzido.

— Eu nem sei do que eu seria capaz se ele tivesse feito algo com você - me abraçou novamente e eu o olhava com estranheza. — Agora vá! Você já recebeu tantas ligações que eu deixei de contar na décima.

Me senti envergonhada por não lembrar de nada, decidi que ligaria para alguém que soubesse me dizer. Ao pegar o telefone amarelo o puxando pelo fio até o meu quarto, ele vibrou, alguém ligava. Coloquei no meu ouvido para ouvir quem era, e aquela voz doce e rígida de Hermione invadiu minha mente.

— Graças a Deus! Finalmente, pensei que tivesse morrido - disse ela. Eu me sentei na poltrona do meu quarto

— Por que tá todo mundo preocupado? O que aconteceu ontem?

— Você não lembra?

— De absolutamente nada, só de ir para a festa e depois disso...

— Ah, minha querida - suspirou, como se fosse dá a pior notícia do mundo — Como eu vou te falar isso? É...

— Só conte logo!

— Ontem, quando você chegou na festa você foi para o bar, e um cara começou a conversar com você, lembra? - perguntou, eu tinha leves recordações.

— Eu me lembro um pouco.

— Ele colocou algo em sua bebida - meu mundo caiu, como se o chão sobre os meus pés tivesse sido demolido e eu tivesse caído em um buraco escuro e vazio, o mais vazio da minha alma. Lembrei da sensação da noite anterior, ao perceber que ele havia colocado algo em minha bebida; era uma angústia, uma vontade de lutar contra ele, mas não tinha forças, e uma das coisas que mais acabam comigo, é não ter forças para lutar. - Mas calma, por favor. Não aconteceu nada com você, graças a Max.

— Como assim graças a Max?

— Ela te salvou, jane - suas palavras me reestruturaram — Ela quebrou o skate na cabeça dele, quando percebeu que ele te levava para algum lugar.

Eu arregalei meus olhos. Ela quebrou o skate na cabeça dele?

— E depois, deu uma vasectomia para ele de graça. Dizem que ela esmagou o pênis dele com uma bota.

Eu sorri, conseguia imaginar perfeitamente a Max fazendo isso.

— Você é tão gay por ela que me dá vontade de vomitar - Hermione gargalhou ao me ver suspirar feliz.

— Cala a boca.

— Af. E então, você vai atrás dela?

— Fazer o quê? - me fingi de desentendida.

— Ela te salvou bocó, você quer mais que isso?

— Eu sei cacete. Eu vou lá, daqui há pouco.

— Tá bom - ouvi a mãe de hermione chamá-la de longe — Eu tenho que ir agora, tchau. E vê se dá para ela.

Antes que eu respondesse, ela desligou a chamada.

Sim, eu iria até ela.

darkness and shadows (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora