Minha Vênus, minha deusa, quero seu fascínio

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 Coloquem a música!!             

                  JANE HOPPER
                       Good girl
                              ❥

Eu já estava com tanta saudade, passou-se duas semanas sem que ela veio me vê. Era algo insuportável, a cara de todos me olhando como se falassem "que dó dela", todos se perguntando o porquê de Max não aparecer e me olhando de maneira estranha.

Eu me sinto exposta, e traída. Por que ela sumiu do nada, como se tudo que menos importasse naquele momento fosse nosso relacionamento?

Lembrei do seu cheiro de menta e perfume amadeirado, dos seus olhos de céus que fazem uma bagunça dentro de mim, uma bagunça maravilhosa, e que eu me acostumei rápido demais.

Tudo nela sempre fluiu de uma maneira extraordinária. Acho que é por isso que ela foi embora...porque ela sempre tocou a vida com a facilidade que manobrava seu skate. Porque ela nunca foi pássaro se ficar preso em gaiola, e eu sempre soube disso. Eu sempre soube que alguém sairia machucado. O amor é como duas pessoas segurando um elástico, quem soltar primeiro, machuca o outro

Acho que ela foi a primeira a soltar.

Me encolhi naquela cama vazia, sentindo falta de sua presença ao meu lado e respirei fundo, pensando no que eu havia feito de errado para que ela fosse embora sem ao menos se despedir.

Senti uma presença na porta, que entrou rapidamente de uma maneira totalmente grosseira. Era ela. Abri um sorriso, entre o meu rosto pálido pela anemia e minha pele frágil que se despedaçou, assim que eu fiz o mínimo movimento facial. É, eu estava com isso agora, não podia nem sequer piscar sem que não rachasse uma parte da minha face, pois ela estava totalmente sem nutrientes.

— Max - sorri, sinceramente ao vê-la entrar com sua carranca antipática — Eu estava tão preocupada com você!

Estendi meus braços, esperando que ela viesse de encontro aos mesmos, para unir nossos corpos em um abraço caloroso. Mas ela não veio, ao invés disso, ficou encostada na porta com as mesmas expressões de nojo, parei de sorrir no mesmo momento pensando que aquele realce do seu rosto fosse devido a minha pele trincada. Fui abaixando meus braços devagar, conforme minhas expectativas que ela viesse até mim diminuíam.

— Aconteceu algo?

— Sim - revirou os olhos, e veio até a cama onde eu me encontrava, se apoiando no ferro que havia nela. Ela estava estranha, seus olhos não eram mais aqueles azuis que me lembravam o mar, agora, suas órbitas tinham um ar sombrio, sombrio de verdade. Aquele olhar psicopata, de alguém que se pegasse uma arma faria um massacre só para vê o estrago. Ela estava tão distante e fria que eu podia sentir daqui seu desprezo e descaso por mim — Saiba que eu não queria vir até aqui, olhar para essa sua cara. Mas eu fui obrigada, a vir me esclarecer, o que é ridículo!

— Como assim, "olhar para essa sua cara"? O quê há de errado com você?

— Você! É o que há de errado comigo - olhou para os lados, como se buscasse palavras para definir seus sentimentos
— Desde que você e seu grupinho apareceu na minha vida, tudo foi de água abaixo. SE NÃO FOSSE POR VOCÊ, O BILLY ESTARIA VIVO E EU AINDA TERIA O MEU IRMÃO.

Aquelas palavras saíram tão afiadas quanto laminas esquentadas ao fogo, me cortando e deixando visível um pedaço da minha alma.

— Você estragou e revirou a vida de TODOS NÓS! Acha que o Bobby estaria morto agora se você não tivesse aberto aquele maldito portal? acha que como o Billy, ou tantas outras pessoas que você matou estariam AGORA se você não tivesse aparecido na MALDITA dessa cidade? - cuspiu aquelas frases, como se cospe saliva, algo tão simples e insignificante — Eu estaria bem! Eu estaria agora mesmo com o Billy em casa, a Joyce estaria com o Bobby, agora me diz você! Quantas vidas tirou? Hm? Como acha que sua mãe estaria nesse momento se não fosse por você?

Apertou seu dedo indicador contra o meu peito, me penalizando por tudo aquilo. Fechei meus olhos, tentando controlar as lagrimas salgadas que desciam por minha bochecha.

— Então...- sussurrei, levantando meu olhar para encontrar os seus — Se me odeia tanto, por quê ficou comigo? Por quê me fez acreditar que estava apaixonada? Por que meu deu tudo aquilo que eu sempre quis, me tratou tão bem como ninguém jamais tratou, cuidou de mim como se eu fosse a pessoa mais especial do mundo se não me amava? Você fingiu tudo aquilo? C-como...como conseguiu me enganar tão bem? Só me diga o porquê!

— Você não esperava que eu me apaixonasse pela garota que tirou o meu irmão de mim, né?

— Então...só me diga o porquê!

— Simples! - retirou um cigarro de dentro da sua jaqueta de couro, e acendeu, tragando ele e soltando sua fumaça pelo ar — Você apareceu do nada no meu quarto me espionando, eu sabia que estava gostando e aí - deu de ombros como se aquilo não fosse tão importante
— Eu vi uma ótima oportunidade ali, sabe, você é realmente boa de fuder.

Senti vontade de vomitar, o gosto ruim invadiu minha língua e tomou conta da minha boca. Então tudo aquilo que ela fez tinha um propósito: transar comigo e usar meu corpo como se fosse um objeto.

— Por que? Você tinha todas aquelas outras garotas, porque não ficou com elas? Por que tinha que ser justo eu?

— E qual a diferença entre você e as outras?

Passei minhas mãos em volta do meu corpo, como se tentasse cobri-lo ao máximo, mesmo ele estando totalmente coberto por minhas roupas. Mas aquelas vestimentas não eram o suficiente quando eu vestia sobre minha pele o pano da vergonha.

Fechei meus olhos e viajei pelas profundidades do meu subconsciente, relembrando daquela noite da festa que aquele escroto colocou algo em minha bebida, e ela me salvou, me salvou para levar-me até sua casa. Sempre soube que aconteceu algo de muito ruim naquela noite, mas eu não lembrava, eu não queria lembrar, pois, tinha medo de descobrir algo que me separe dela.

Eu, completamente bêbada e sem ter noção do que fazia. Relembrei dela me arrastando pela rua vazia e me jogando em sua cama, recordei-me de retirar meu vestido, de minha mão em cima da sua enquanto apertava meus seios quase os esmagando.

Eu não lembro do que aconteceu depois, não consigo trazer a tona, mas todos...todos esses indícios apontam para uma só coisa: ela me estuprou.

Eu estava bêbada, completamente inconsciente do que fazia e ela se aproveitou, usou meu corpo para lhe satisfazer.

Ela me machucou, a minha única vontade agora é agredi-la, devolver na mesma moeda. Mas me sinto impotente. Enganada. Ferida. Frustada. Dá vontade de matá-la. De me matar. De sumir. Eu perdi meu tempo, minha vida, minha auto-estima, minhas forças. Qual a pena para lhe punir? Qual a pena para alguém que entrou na minha vida, minha casa, nos meus sonhos, nos meus planos e, num piscar de olhos, destruiu tudo como se tivesse o direito? 

Eu não sei mais o que fazer, ela me mantinha firme, porque eu estava desmoronando, mas era com ela.

Agora, ela é causa pelo qual eu me afoguei nesse mar de frustrações e desilusões que eu pensava que fossem se realizar. Ela me deu o ar que faltava para minha vida, e depois o retirou, afogando-me de volta até os abismos que nem sequer minha mente ousa se meter, até aqueles buracos da alma que você sabe que têm cicatrizes que nunca se curaram.

— Caso seja burra demais para entender, isso é um término.

NÃO SE ESQUEÇAM DE VOTAR!

darkness and shadows (Concluída) Onde histórias criam vida. Descubra agora