capítulo 18

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Mãe? Pai?

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Mãe? Pai? O que vocês estão fazendo aqui? — minha voz saiu esganiçada.

— Que lindo em Júpiter! — olhei minha mãe, a poucos passos de mim, com sua bolsa em punho, pronta para jogar a mesma em meu rosto — Não ia dormir na casa da Luana? 

— Vocês dois podem me explicar o que está acontecendo aqui? — meu pai perguntou com sua voz e expressão assustadora. 

— A gente está jantando — respondi, fingindo estar calma, se eu demonstrar que estou fazendo algo demais - coisa que não estou - eles não vão acreditar em mim, não importa os anos de confiança. 

O garçom que está servindo nossa mesa aparece, deixando os pratos. 

— Viu?! — apontei para o cara que acabava de sair — Um jantar de amigos...

— Amigos?! — mamãe indagou, interrompendo-me.

— Amigos se beijam desde quando, Júpiter? — meu pai completou a indignação. 

Sou impedida de responder por uma voz. 

— Vocês querem juntar as mesas? — o garçom sugere. 

— Não!

— Por favor! 

Minha mãe responde no mesmo instante que eu, olhamos uma para a outra e ela ergue a sobrancelha esquerda, em desafio. Bufo, descendo na cadeira e virando para o cara. 

— Pode juntar, moço! 

Com o clima bem estranho, o garçom junta as mesas, enquanto esperamos. Meus pais estão em pé, esperando o cara terminar o trabalho, eu estou de braços cruzados na altura do peito, com uma expressão nada simpática. Olho para Augusto, que ainda tem os olhos expandidos, não achando a situação real. Pensei que ele lidaria melhor com isso. 

— Cuidado pra não ficar cego! — comentei engraçadinha, ele afiou seu olhar em minha direção, voltando ao normal. É, o Augusto sempre foi assim, passa-se o choque inicial, ele lida facilmente com a situação. 

Assim que o garçom vai embora, após se despedir, meus pais arrastam as cadeiras fazendo um barulho irritante, sentado à nossa frente logo em seguida. Olho ao redor, mas as poucas pessoas no ambiente parecem não perceber. 

— Então... — juntei as mãos sobre a mesa — O que vocês querem saber? Pode perguntar gente! — balancei a cabeça e minha mãe ergueu a sobrancelha mais uma vez.

— Desde quando isso aqui está acontecendo — dona Leona apontou o indicador entre nós dois, com um olhar displicente, com falsa calmaria. 

— Isso o quê? — encarei-a, seriamente. 

— Júpiter! — meu pai bradou, deixando-me nervosa e acuada — Agora não é hora para brincadeiras e nem deboche! — olhou-me sério, disputando comigo aquela batalha, até que baixei os olhos. 

— Gente, pra que esse drama todo!? — murmurei, inspirando fundo, de cabeça baixa, então voltei a olhá-los — Nós não estamos fazendo nada demais, vocês me deixaram com vergonha! — confessei. 

Está bem que não falei que sairia com o Augusto, mas é apenas um jantar! Não é como se eu estivesse  em uma das repúblicas da cidade em uma das muitas festas famosas repletas de sexo e drogas. 

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