Mãe? Pai?
***
—
Mãe? Pai? O que vocês estão fazendo aqui? — minha voz saiu esganiçada.
— Que lindo em Júpiter! — olhei minha mãe, a poucos passos de mim, com sua bolsa em punho, pronta para jogar a mesma em meu rosto — Não ia dormir na casa da Luana?
— Vocês dois podem me explicar o que está acontecendo aqui? — meu pai perguntou com sua voz e expressão assustadora.
— A gente está jantando — respondi, fingindo estar calma, se eu demonstrar que estou fazendo algo demais - coisa que não estou - eles não vão acreditar em mim, não importa os anos de confiança.
O garçom que está servindo nossa mesa aparece, deixando os pratos.
— Viu?! — apontei para o cara que acabava de sair — Um jantar de amigos...
— Amigos?! — mamãe indagou, interrompendo-me.
— Amigos se beijam desde quando, Júpiter? — meu pai completou a indignação.
Sou impedida de responder por uma voz.
— Vocês querem juntar as mesas? — o garçom sugere.
— Não!
— Por favor!
Minha mãe responde no mesmo instante que eu, olhamos uma para a outra e ela ergue a sobrancelha esquerda, em desafio. Bufo, descendo na cadeira e virando para o cara.
— Pode juntar, moço!
Com o clima bem estranho, o garçom junta as mesas, enquanto esperamos. Meus pais estão em pé, esperando o cara terminar o trabalho, eu estou de braços cruzados na altura do peito, com uma expressão nada simpática. Olho para Augusto, que ainda tem os olhos expandidos, não achando a situação real. Pensei que ele lidaria melhor com isso.
— Cuidado pra não ficar cego! — comentei engraçadinha, ele afiou seu olhar em minha direção, voltando ao normal. É, o Augusto sempre foi assim, passa-se o choque inicial, ele lida facilmente com a situação.
Assim que o garçom vai embora, após se despedir, meus pais arrastam as cadeiras fazendo um barulho irritante, sentado à nossa frente logo em seguida. Olho ao redor, mas as poucas pessoas no ambiente parecem não perceber.
— Então... — juntei as mãos sobre a mesa — O que vocês querem saber? Pode perguntar gente! — balancei a cabeça e minha mãe ergueu a sobrancelha mais uma vez.
— Desde quando isso aqui está acontecendo — dona Leona apontou o indicador entre nós dois, com um olhar displicente, com falsa calmaria.
— Isso o quê? — encarei-a, seriamente.
— Júpiter! — meu pai bradou, deixando-me nervosa e acuada — Agora não é hora para brincadeiras e nem deboche! — olhou-me sério, disputando comigo aquela batalha, até que baixei os olhos.
— Gente, pra que esse drama todo!? — murmurei, inspirando fundo, de cabeça baixa, então voltei a olhá-los — Nós não estamos fazendo nada demais, vocês me deixaram com vergonha! — confessei.
Está bem que não falei que sairia com o Augusto, mas é apenas um jantar! Não é como se eu estivesse em uma das repúblicas da cidade em uma das muitas festas famosas repletas de sexo e drogas.
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2002
Romancelola | © 2021 SINOPSE: Júpiter está apaixonada por seu "melhor amigo" há não sei quanto tempo, na verdade, ela sabe as horas exatas de cada dia em que passou pensando nele, Augusto Vettel. Ele mudou-se para a Áustria com sua família há algum tempo...