capítulo 14

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Aviso: Esse capítulo faz uma referência ao filme Garota Interrompida, sobre uma das personagens que é encontrada morta. Então se você é sensível ou acha que pode ter algum gatilho relacionado ao suicídio, eu coloquei essa parte grifada , então é só pular.

E se você está precisando de ajuda, ligue no CVV(Centro de Valorização a Vida) 188 ou envie uma mensagem(eu acho que dá também) que sempre tem alguém pra conversar.

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O limbo de incertezas


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Minhas mãos ardem em contato com as pequenas pedrinhas existentes na entrada do clube. Levanto-me do chão com a ajuda das meninas que me perguntam se estou bem. Por que não caí mais a frente onde há grama?

— Bem mal... — olho as riscas de sangue na mão que estão quentes e doloridas.

As meninas ostentam caretas em seu rosto.

Retiro o cabelo do meu rosto e olho minha roupa. Usar gloss nunca foi tão horrível.

Tudo bem, apenas mãos e joelhos ralados. Não preciso chorar!

— Pode chorar se você quiser — Maria diz, olhando-me com pesar.

— Eu não quero não — murmurei com os lábios tremendo, Luana me olhou com uma expressão que dizia "Ata" — Está bem, eu quero! — falei e, por fim, comecei a chorar.

Elas vieram e me abraçaram — Está bem, já passou! — me afastei das duas com os braços após alguns instantes — Vamos nadar, porque o dia é curto

Respirei fundo algumas vezes, elas me esperaram até que voltamos a caminhar em direção a área das piscinas. Colocamos as mochilas nas espreguiçadeiras brancas embaixo dos guarda-sóis de um amarelo intenso com listras brancas.

Olho para o espaço com algumas pessoas. Somos umas das poucas pessoas que se arriscaram a vir, porque parece que as quatro estações do ano se passam todos os dias em Vila Velha e mesmo com previsão do tempo, nunca olhamos.

Abro minha mochila e pego o livro que trouxe antes de deixá-la ao meu lado. 'Romeu e Julieta', mais uma vez estou lendo. Shakespeare era incrível!

— Não é possível! — ouço Maria a minha frente — A gente vem nadar e você quer ler um livro

Ergo meus olhos das palavras — Sim, e o que tem isso? — levo minha mão como uma viseira até a testa, vejo sua expressão bufante.

— Preciso dizer?! — Luana perguntou incrédula.

— Precisa — falei para provocar, antes de rir das duas e colocar o livro de volta na mochila — Está bem. Vamos!

Me levantei de onde estava com um pequeno esforço, já que havia me deitado.

— Primeiro vamos passar protetor

— Eu quero me bronzear — Luana declarou erguendo o queixo. Seu biquíni laranja contrastando com sua pele levemente bronzeada.

— Eu quero não me queimar — murmuro ao retirar a camisa azul marinha curta, agora com as mãos no cós do short, a insegurança me toma — Acho que vou nadar de short

— Vai nada! — as duas declaram juntas — Tira logo! Você achou super lindo esse biquíni quando comprou — Maria completa, olhando-me com a testa —ida.

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