capítulo 37

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Mensagem

***

Eu estava a horas estudando matemática. Minha mente estava quase entrando em pane. Aposto que dava pra ver fumacinha saindo da minha cabeça.

Estudar exatas deveria ter a mesma graça que sinto ao estudar história, filosofia, literatura...

Muitos acham cansativo ler os textos dessas disciplinas ou entender os filósofos e as escolas, mas eu amo estudar matérias de humanas.

Agora, observando Augusto explicando uma questão que errei, nada entra na minha cabeça. Eu só consigo pensar que sua boca é altamente beijável e irresistível.

Não escuto nada que sai de seus lábios, apenas me atento ao seu perfil compenetrado. Eu sei que uma boa parte da população adolescente do planeta acha incrível os bad boys dos filmes, os carinhas idiotas, mas que são muito atraentes, mas eu sempre achei mais interessante garotos intelectuais. Augusto não é completamente intelectual, e isso é que faz eu me encantar ainda mais por ele.

Aristóteles disse que a virtude é meio termo entre o vício e a falta. A prática da virtude faz a pessoa se inclinar para o bem.

Vou sentir saudade das aulas de filosofia.

Solto um suspiro, fazendo Augusto erguer seus olhos do caderno para mim.

— Você não está prestando atenção, está?!

Dei um sorriso amarelo.

— Não... mas é porque você é irresistível! — aproximei meu rosto do seu e beijei a ponta do seu nariz.

— É, mas você precisa recuperar sua nota

Bufei, revirando os olhos.

— Eu queria esquecer isso, acordar amanhã e ver que tudo é apenas um pesadelo — esfreguei a palma das mãos no rosto — Por que só eu peguei, eim? Eu estudei com afinco

— Às vezes não é pra ser

Olhei para ele, matando com o olhar.

— Eu não falo nada com você!

— Mas eu falo — virou a página do caderno com seus dedos de unhas limpas e curtas. Voltou seu olhar para mim — Você tem que parar de se comparar. Ficar pensando e se perguntando o por quê de "só"... — fez aspas com os dedos — ... você ter pegado recuperação não vai mudar nada. Só vai atrasar sua vida, Júpiter — falou sério.

— Sim, me desculpe — abaixei minha cabeça para olhar minhas mãos inquietas.

— Não precisa pedir desculpas — suspirou fundo — Quer fazer uma pausa?

— Quero! — sorri e suspirei aliviada.

— Eu vou lá embaixo pegar pão de queijo e suco pra gente — se levantou e olhei para cima.

— Quer que eu vá contigo? — levantei também.

— Pode ficar aqui. Coloca uma música

— Está bem — sentei na cadeira novamente e virei de frente para o computador. Ouvi seus passos se afastando e olhei para suas costas quando ele saiu pela porta.

Voltei a atenção para a tela do computador branco. Coloquei uma música qualquer e passei a xeretar suas coisas.

Estava fazendo mímicas com a boca com a letra da música, balançando meu corpo levemente em uma dança mais interna que externa quando decidi me aventurar em seu chat.

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora