Cecília
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Quando minha mãe e eu viemos para seu consultório, pensei que fosse morrer de nervosismo. Não é fácil saber que aos poucos vou ter que dizer o que me aflige e me faz sentir mal.
Saímos de casa às 12:00 em ponto, viemos caminhando, a pedido meu, para que me preparasse. Pelo caminho, fui arrancando folhas dos arbustos, então quebrava as mesmas em milhões de pedacinhos, para ocupar a mente com essa ação e não com o iminente encontro.
O consultório de Cecília é relativamente perto, já que chegamos com 20 minutos de caminhada. O estranho é que, assim que vi a casa de dois andares de cor azul com porta branca e um lindo jardim com árvores, arbustos e flores eu me acalmei. Estranhamente, senti-me em paz.
— Será que ela tem mudas dessas suculentas? — a louca das plantas que é minha mãe, apareceu.
Subi cada degrau da pequena escada com receio, mesmo estando mais calma. Olhei para trás, encontrando minha mãe ainda lá embaixo.
— Mãe, eu tenho 17, mas ainda sou muito dependente de você — expandi meus olhos e braços para evidenciar o dilema que estava vivendo — Principalmente, em questões médicas! — levantei o indicador.
— Estou indo — começou a subir os degraus, me deu sua mão e, juntas, entramos.
— E lá vamos nós...
— A Vassoura da Bruxa... — ela murmura, olhando-me.
— Sim, é do Pica-Pau mesmo
Sorrimos e, por fim, abrimos a porta. As janelas laterais, mesmo fechadas, por serem de vidro e não ter cortinas, deixava a sala de espera iluminada, com uma claridade confortável.
Esperamos por 5 minutos na recepção, então Cecília surgiu em toda sua altura, cabelo escuro, pele negra e um sorriso caloroso e amigo. Ela estava com uma calça jeans branca e uma blusa de cor azul celeste com bolinhas brancas e uma sapatilha preta como as da Audrey Hepburn.
— Seu cabelo é tão lindo! — foi a primeira coisa que falei quando a vi.
— Obrigada, Júpiter! — sorriu feliz — O seu também é lindo
— Então, aqui é a sala de espera — mostrou com a mão. Mamãe e eu olhamos mais uma vez os detalhes — A Vera, a recepcionista e também minha amiga, não pôde vir hoje. Bom, geralmente, os pais ficam aqui a não ser que o paciente queira que eles entrem — apontou para o sofá laranja, super chamativo — Mas... eu a aconselho a entrar sozinha, porque muitas vezes nós ficamos mais tímidos e menos abertos a dizer o que verdadeiramente sentimos na frente de nossos pais — explicou olhando para nós duas — Então, lá no final desse corredor é a minha sala, e lá, você e eu vamos nos conhecer melhor — apontou para uma porta no final do corredor azul, na parede esquerda onde havia cartazes com frases em inglês e português sobre amar a si mesmo e esse tipo de coisa.
Gostei de duas frases em especial "A realidade às vezes é apenas um sonho esperando ser vivido" e, abaixo da frase, um imenso sol de cor amarelo, contornado de laranja. A segunda é "A vida não é triste. Tem horas tristes"
— Ok!
Fiquei meio tensa já nessa hora, mas só não fiquei mais, por conta do jeito dela e do local.
— Vamos entrar?
— Vamos! — Falei e depois olhei para minha mãe.
— Vai lá filha, vai dar tudo certo! Eu vou estar te esperando aqui
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2002
Romancelola | © 2021 SINOPSE: Júpiter está apaixonada por seu "melhor amigo" há não sei quanto tempo, na verdade, ela sabe as horas exatas de cada dia em que passou pensando nele, Augusto Vettel. Ele mudou-se para a Áustria com sua família há algum tempo...