capítulo 2

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#pratodosverem: imagem do capítulo: o nome da obra '2002' em branco luminoso sobre um círculo vermelho.

Não pare de me amar

***

  Fui embora da escola com raiva. Andei a passos tão rápidos que perto da minha casa senti minha garganta seca, a pele quente e o coração batendo forte e rápido que senti medo. Sentei-me em um dos bancos da pequena praça perto de casa para descansar. 

   O clima de Vila Velha mudou e muda tão rapidamente, de manhã tudo nublado e frio, então a partir das 10h, 11h ou 12h o sol vem aos poucos, receoso e tímido até tomar conta de tudo. 

Gosto de olhar a luz invadindo as folhas é simples, belo e sublime. Estava olhando para cima,  a copa de uma árvore iluminada pelo sol, quando ouvi algumas vozes. Meu coração acelerou ao identificar o timbre da voz que vinha, Augusto. 

   Não sei se devo permanecer aqui ou esperar que ele passe. Opto pela segunda opção, alcancei minha mochila ao meu lado e com ela sobre meu ombro, saio rapidamente dali. Não dou nem dez passos quando ouço sua voz. 

   — Júpiter, posso falar com você? 

  Espero alguns segundos, desejando que essa voz não tenha me chamado, mas ele fez e me aguarda. Viro-me, lentamente, em sua direção. 

   — Oi! — Cumprimento por educação — O que você quer?  

— Conversar com você — Responde, em frente a mim. 

  Estamos a passos seguros de distância, mas mesmo assim não parece seguro. Tenho medo de gritar algo como "Estou louca para beijar você, seu idiota! Por que você tinha que ter ficado tão gostoso?!". 

  Balanço a cabeça para afastar meus pensamentos…. Hmmm… erráticos, libidinosos? 

   — Então fala — Apreço-o, enquanto olho para todos os lados até ele iniciar sua fala. 

    — Eu não sei o que aconteceu direito depois daquele dia... — Pronuncia, me lembrando do momento que mais queria esquecer — Mas eu queria que esse clima ruim entre a gente acabasse

   — Não tem clima nenhum, garoto — Revido, estressada, erguendo minhas sobrancelhas e levando minhas mãos à cintura. 

   — Isso aí — Aponta para mim, mas dizendo também da fala — Prova que o clima está horrível. Não precisamos ser amigos nem nada, só… não fica assim, por favor — Pede, com sobrancelhas contraídas e olhos angustiados. 

   — Pode ficar tranquilo, Augusto — Solto o ar de meus pulmões, o qual nem percebi estar preso. 

  — Bom, não sei se podemos ser colegas ainda, mas se você quiser, estou aqui — Completa, os lábios em riste, com um sorriso apaziguador e sem graça. 

   — Tudo bem, mas eu não me importo, então… — Digo, para terminar e fuder com tudo ainda mais: 

   — Eu não quero ser sua colega. Eu não vou te encher o saco, na verdade nem estou fazendo nada — Pronuncio ao mesmo tempo em que quero me matar, no entanto as palavras somente saem da minha boca —  Nem entendo pra quê isso — Indico nós dois — mas pode ficar tranquilo, Augusto — Debocho, sarcástica. 

   Seus olhos piscam surpresos.

 Sim, sou nota 10 em magoar pessoas, em ser grossa e mentir sobre o que sinto.  A verdade é que o seu "colega" me machucou, nem sei porquê. Na verdade, sei sim, foi por ele não querer ser nada mais do que essa relação mixuruca de colegas, isso dói, porque já fomos melhores amigos. Não quero me contentar com o resto do que fomos. Eu quero sentir tudo por inteiro, mesmo não tendo coragem. 

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora