capítulo 32

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Meus pais

***

— Então, crianças! — meu pai começou e senti meu íntimo se agitar.

Por favor, que isso não seja um desastre.

— Sim, papai!

— Nós não vamos fazer disso um pesadelo para você, Júpiter — minha mãe explicou, procurando meu olhar. Ela ajeitou seu cardigan fino de cor amarelo claro que fazia um belo contraste com sua camisa listrada em preto e branco em seu colo.

— Graças a Deus — respondi, pensando que só acreditaria vendo eles não fazerem daquilo um pesadelo para mim.

Meu pai virou sua cabeça para o lado e encontrou os olhos de dona Leona. Tudo parecendo sincronizado ou ensaiado demais para mim.

Mamãe tossiu e disse:

— Nós sabemos que vocês são adolescentes e, acreditamos nós, responsáveis — seu olhar passou entre Augusto e eu — Espero que vocês não quebrem nossa confiança, porque quando ela fica fragilizada, nunca mais volta a ser a mesma, como uma folha de papel rasgada. Depois não quero ouvir, você, senhorita Júpiter... — apontou o indicado para mim e seus olhos se arregalaram rapidamente para dar ênfase ao que estava dizendo — Dizendo "Ah, nossa! Vocês não confiam em mim. Eu só fiz aquilo daquela vez e vocês ficam me lembrando todos os dias" como sempre faz, porque, sim, se vocês fizerem algo que quebre a confiança que estamos depositando em vocês, não vamos querer ouvir frases do tipo, pois teremos todos motivos do mundo para não confiar e vai ser um direito nosso. Tudo certo? — olhou-nos novamente.

Augusto havia prestado atenção em cada palavra e também tinha balançado a cabeça demonstrando estar entendendo todas as coisas e anotando em uma caderneta mental.

— Entendido. Eu compreendo a posição de vocês e concordo com o que disseram — respondeu, afirmando com a cabeça e olhando nos olhos dos meus pais.

— E você, Júpiter, entendeu? — meu pai perguntou e eu sacudi a cabeça para cima e para baixo, parando de olhar o perfil do Augusto.

— Perfeitamente! Não vamos decepcionar vocês

— Augusto, eu como pai da garotinha ao seu lado — meu pai indicou com o queixo, apontando para mim. Revirei os olhos e escondi minha cabeça no ombro dele — Quero saber quais são suas intenções com minha filhinha

Senti seu corpo ficar tenso por um milissegundo, antes de voltar a calmaria de sempre. Acho que de infarto ele não morre.

— Minhas intentenções... Amm

Antes de ele começar a falar, tive que dizer a meu interior "Calma, coração! Não morra agora!". Com o rosto ainda escondido em seu ombro, a respiração abafada e ofegante, concentrei-me em ouvir suas palavras e sentir o que seu corpo emanava.

— Eu quero fazê-la feliz. Não sei se isso é meio piegas ou se parece que não sei muito bem o que falar, eu sei que quero prometer não magoá-la nunca e sempre estar ao seu lado — respirou fundo — Eu não deveria estar dizendo uma coisa assim, porque o futuro é incerto e eu não sou nenhuma figura transcendente para prever algo, ou saber onde estaremos daqui há alguns anos. Mas mesmo não sendo um profeta, de uma coisa eu sei... — senti que ele me olhava, então levantei meu rosto vermelho e quente de onde estava e olhei aquela imensidão verde.

Eu queria ficar ali para sempre.

— Sei que vou amá-la para sempre. Eu gosto dela desde que eu era criança e sei que esse sentimento não vai passar

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