capítulo 49

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Senhor Homero

***

Nossas línguas se entrelaçam em uma dança sensual. Meu corpo fica mais quente à medida que os beijos continuam. Com pouco fôlego, separamos os rostos, mas continuo com as mãos em cima de seu peito e as dele envolta da minha cintura. Nossos olhares se encontram e sorrimos com olhos brilhantes enquanto o vento frio passa por nossos corpos bagunçando meu cabelo. 

Abraço ele e com a cabeça em seu ombro, olhando em volta. A praça central da cidade está praticamente deserta há apenas um homem com um cavalete sentado em um banquinho ao lado da fonte. Talvez ele seja um amante da noite que quer imprimi-la no papel com suas próprias mãos. 

Eu o entendo. São poucos os que não caem no charme da noite ou não se apaixonam pelos pontinhos brilhantes no tom escuro de azul. Como eu entendo Van Gogh e seu amor por elas, elas realmente nos fazem sonhar. 

— Vamos nos sentar na borda da fonte?

— Vamos fazer um pedido. Trouxe moedas

— Que legal! — vibro animada — Onde estão? — entendo a palma da mão. 

Ele enfia a mão no bolso da calça jeans clara e faz uma careta ao procurar as moedas e sorri quando as acha.

Augusto estende as moedas entre o polegar e indicado com um sorriso tão brilhante quanto as estrelas. 

— Aqui! 

— Mil pedidos. Será que pode? 

— Acho que como são pedidos, só nos concedem um — refletiu com o olhar para cima em sua expressão concentrada. 

— Sem graça, mas acho que deva ser assim mesmo

— Se todos os desejos se realizassem não teria graça, Júpiter! — responde caminhando em direção a fonte. 

Corro atrás dele.

— Ei, me espere!  

Ao invés de fazer isso, ele correu mais ainda e acabamos apostando uma corrida até o local. Ele chegou primeiro, somente, porque estava na frente. Eu, obviamente, sou uma corredora nata e teria ganhado se tivéssemos corrido no mesmo instante e do mesmo lugar. 

— Que belo cavalheiro você me saiu, senhor Vettel! — coloquei as mãos na cintura e ele apenas sorriu, abraçando-me e beijando meus lábios. 

Esquecemos do tempo mais uma vez envoltos em nosso próprio universo. 

— Eu amo você! — falei.

—Eu amo você!— — beijou meu pescoço enquanto sussurrava a declaração — Hora de fazer os pedidos — me entregou uma moeda. 

— Juntos? — perguntei ao me ajeitar de costas para a fonte. 

Augusto se pôs na mesma posição que eu, e foi quando respondeu: 

— Sim, juntos! — olhou para cima pensativo e depois para mim — Talvez se nosso desejo for o mesmo, ele se realize — piscou. 

— Mas isso é contar com a sorte. Quais seriam as chances? — ergui as sobrancelhas, desacreditada. 

Ele apertou os olhos e ficou pensando. 

— Não faço a mínima ideia — deu de ombros e passou a mão no cabelo, jogando-o para trás, deixando-os bagunçados — Deve ser alguma probabilidade como ganhar na loteria

— É — balancei a cabeça — Algo assim

— Mas podemos sonhar 

— Simmm

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora