capítulo 46

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provas

***

Era o último dia de provas, depois do terceiro ano, restaria os últimos dias de aula. O que mais queria era que aquilo terminasse logo, não aguentava mais acordar cedo todos dias e vir para um lugar onde eu ficava sozinha, já que não conversava mais com as meninas.

Em certos momentos, olhava para elas de longe, conversando. Quando me olhavam de volta, virava a cara, demonstrando que não me importava nem um pouco. Hoje foi um desses dias.

Estava sentada esperando a professora finalizar sua fala para entregar as provas, assim começamos a última avaliação do ano. Por sorte, era geografia, matéria a qual tenho facilidade.

As questões eram fáceis para mim. A prova era praticamente sobre reforma agrária e alteração no espaço geográfico. Uma a uma, fui marcando as alternativas e nas discursivas montava meu texto.

Mesmo com facilidade, decidi reler a prova inteira para verificar se estava tudo feito. Satisfeita com minha performance, levantei a mão e acenei, dizendo que havia terminado. A professora recolheu a prova, me pediu para assinar a lista de presença e, enfim, pude sair faltando 30 minutos para o término da prova.

Sai com um sorriso no rosto. Um peso foi tirado de meus ombros naquele momento. Havia terminado, finalmente!

Corri para casa, feliz e com um sorriso no rosto. Já tinha falado com Augusto que não o esperaria, pois em quase todas as provas ele sempre era um dos últimos a terminar, mas em compensação fechava muitas. Outro motivo para que não o esperasse, era que hoje viajaria com meus avós.

Não que sempre tenha sido assim. Ele parece ter acordado pra vida quando entrou no Ensino Médio. Antes era uma lamúria, já que ele preferia fazer bagunça a estudar. Todos ficaram surpresos quando ele mudou sua postura, mas deve ter sido resultado das inúmeras broncas que levava da mãe.

Estou feliz por ele, por essa mudança. Todas as pessoas têm potencial.

***

— Família, cheguei! — abri a porta aos gritos, assustando meus pais e avós.

— E aí, filhota? — meu pai perguntou sobre a prova.

— Fui bem — sacudi a cabeça pulando empolgada — A viagem hoje está super de pé! — fechei a porta e aos pulos cheguei até eles, abraçando-os.

— É assim que gosto de ver você! — vovô exclamou, beijando minha testa.

Seu bigode me incomodava ao mesmo tempo que trazia uma sensação boa.

— Isso mesmo! — vovó foi a próxima a beijar minha testa.

— Que horas vamos sair de casa?

— Daqui a pouco — mamãe olhou o relógio na parede — Nós estávamos conversando enquanto você estava no colégio

— E...

— Pensamos que já que você se dedicou bastante, pode convidar a Maria e a Luana para irem conosco, filha

Arregalei os olhos.

— Ah, não, não precisa gente! — balancei a mão, displicente.

— Por que? Elas não são suas amigas? — papai perguntou, questionador como sempre, os olhos curiosos.

— São, mas elas estão na escola ainda e eu quero viajar com vocês, minha família

Eles soltaram um "Ownt" em uníssono.

Ufa!

Subi para trocar de roupa em seguida e em frente ao espelho do quarto, levei a mão ao meu relicário no pescoço, em formato circular com duas imagens, uma de galáxia e outra nossa, atrás estava impresso nossos nomes e o ano de 2002.

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora