capítulo 24

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Franz e Greta

***

O casal me viu e caminhou até nossa mesa. Aprumei-me e esperei, com o nervosismo me consumindo por dentro. 

— Mãe, pai! — chamei a atenção dos dois entredentes — Os pais do Augusto estão vindo até nossa. Finjam surpresa! — mandei, mas minha mãe virou a cabeça na mesma hora e acenou. 

— Que bom ver vocês dois! — Greta disse, indo abraçar minha mãe e depois meu pai, enquanto se abraçavam, o senhor Franz me cumprimentou. 

— Olá, Júpiter! — falou com o seu sotaque de quem mesmo tendo passado anos no Brasil, ainda tem muito de seu verdadeiro país. 

— Olá, Franz! — respondi baixinho, repentinamente tímida. 

Tímida e envergonhada, por medo do Augusto ter dito algo sobre nossa discussão. No entanto, se eu sou reservada, ele é ainda mais, mas diferente de mim, ele sabe os limites. 

— Júpiter! — a mãe do Guto me abraçou com força. 

— Então, como estão? — mamãe perguntou. 

— Muito bem e vocês? — ela alternou seu olhar entre nós, mas focando mais em mim, fazendo-me desviar os meus olhos. 

— Bem também! — respondi com uma animação meio falsa enquanto balançava levemente a cabeça. 

— Por que não se sentam com a gente? — meu pai sugeriu.

Sorri tensa, depois de mais algumas perguntas sobre estar tudo bem, por fim, eles sentaram conosco.

Ótimo! Tensa durante todo o almoço, pensei levando a limonada até a boca. 

Eles começaram um papo animado sobre viagens, economia e estudos, depois que Franz e Greta fizeram seus pedidos. Me perguntaram se eu já sabia o que queria fazer. 

— O Augusto me disse algo sobre História da Arte — ela comentou e eu levantei meus olhos do copo.

— Sim… — olhei em seus olhos brilhantes que fitavam-me com atenção — Mas eu não sei ainda 

— Ah! — concordou com a cabeça — A tia do Augusto trabalha no Louvre, se você quiser perguntar algo para ela, pode comunicar comigo que eu te passo o contato

— Seria incrível, não é mesmo, Júpiter! — mamãe se animou por mim, levantando o tronco e segurando minha mão.

— Sim, seria mesmo — sorri plácida, respondendo baixinho. 

Seria incrível se eu não estivesse brigada com o filho de vocês. 

Será que eles sabem?, pensei de novo. 

— E o Augusto, Greta? — não pude impedir meu olhos de moverem-se rápido até a mãe dele — Já escolheu o que quer fazer? — agradeci a ela mentalmente pela pergunta do século, porque os pais sempre sabem muito sobre os filhos. 

— Um segredo que só — comprimiu os lábios e negou com a cabeça. Isso fez Franz Vettel gargalhar. 

— Ela não gosta dos mistérios que ele faz — explicou olhando com carinha para a esposa — Ele gosta de ter tudo planejado e feito, com certeza de que deu certo, pra só então nos dizer. O riso dele se acalmou e, respirando fundo, continuou — Tenho um irmão que mora em Lyon, na França, que fez engenharia aeroespacial e mostrou desde que o Augusto era pequeno algumas coisas pra ele. O Augusto ficou encantado — os olhos dele brilharam e Greta sorriu, apertando de forma reconfortante o braço do marido — E o garoto leva jeito pra coisa. Ele ama física 

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