capítulo 28

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Ele me respondeu

***

"Eu não quero palavras, quero ações. Cansei de você ficar toda hora me tratando mal. Se você quiser algo, tem que demonstrar com atitudes!"

Minha leitura e devaneios são interrompidos por miado. Olho para a porta e Millorens está passando pela porta.

Ele caminha até onde estou e se embola entre minhas pernas. Pego ele no colo, abraçando-o e fazendo carinho em seu pelo macio.

Me desculpa, Mi! — falei baixinho, beijando o topo de sua cabeça — A mamãe é terrível com as pessoas ao redor

Ele mia, como se concordasse e eu suspiro cansada de ser sempre assim. Nem da existência do meu gato, eu lembrei. Se não fosse por minha mãe, ele já teria morrido por desnutrição.

Foi um tapa na cara a mensagem do Augusto. Eu imaginei que poderia vir algo assim. Mas não foi de todo mal, foi?

Não, não foi. É o que ele sente, devido às coisas que eu fiz. O mundo gira e as consequências vem.

Com Mi em meu colo, percebo que estou estática, sem saber o que responder. No entanto, sei que devo responder. Deslizei a cadeira para próximo a mesa do computador novamente e bati os dedos nas teclas.

"Simm. Eu entendo isso tudo e assumo todas as merdas que eu fiz. Eu só queria mais uma chance."

Pronto, enviei!

Mordo a cutícula do polegar enquanto espero sua resposta.

O que ele está fazendo online? Deveria estar na praia, em festas com os amigos, com garotas... Argh!

Ele nem levou computador...

Deve ter em algum lugar do hotel. Essa é a única explicação.

Luana me enviou mensagem e disse que lá tinha uma sala parecida com uma lan house.

"Que bom que você sabe que você errou"

"Agora, sobre mais uma chance, isso a gente tem que conversar pessoalmente, não por aqui"

Pisa menos Augusto! É tão ruim quando falam de maneira seca comigo, fico toda jururu.

"Beleza então. Quando você voltar, a gente pode marcar de se ver"

Mandei isso e esperei agoniado pelo que viria a seguir.

"Beleza. Agora eu tenho que ir"

Após enviar isso, cinco minutos depois, ele saiu e na minha tela apareceu que esse usuário não estava mais online.

Tem que ir, mas nem um tchau pode mandar. Sem educação!!!

Me senti tensa com toda a situação. Agora, eu teria de esperar o resto da viagem para vê-lo pessoalmente. Posso até fazer uma contagem regressiva para meu infarto, porque ele vem!

Gosto muitíssimo de adiar encontros difíceis, mas em nenhum momento, pensei que ele não iria me perdoar rapidamente. Já dizem os sábios que a expectativa é a mãe da merda, mas sempre me esqueço.

O meu problema - um dos muitos - é pensar que o mundo vai girar da forma que planejo no meu inconsciente, como se eu fosse a diretora de um filme, onde posso mandar os atores pararam para seguir da forma que eu mando. E, talvez, apenas talvez, eu pensasse que tudo iria acontecer como sempre quero, porque eu meio que o faço me sentir culpado, mesmo sendo eu a ter cortado o contato que tínhamos.

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora