capítulo 21

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Amor

***

Carreguem fotos no site! — mando ao dar o último abraço nas duas. 

— Pode deixar, garota que nos abandonou — Lu faz seu típico drama, levando os dedos até os olhos sem lágrimas. Maria apenas sorri. 

Reviro os olhos cansada de todo drama. 

— Me amem menos, tá?! — pisquei para elas. 

— Convencida — elas soltaram em conjunto. 

Elas começaram a falar sobre os itens que levam na mala e das lembrancinhas e roupas que querem comprar. Pedi que trouxessem lembrancinhas para mim, principalmente, chaveiros. 

— Camiseta só se for bonita 

— Beleza está nos olhos de quem vê — Maria murmura revirando os olhos para mim — Vou trazer uma bem feia pra você 

Fiz uma careta e cruzei os braços por nenhum motivo aparente, antes de murmurar: 

— Eu aceito também, porque eu gosto de presentinhos

— Meus tios trouxeram uma super legal de Cabo Frio quando viajaram… 

Sinto muito por Maria, mas minha concentração evaporou no momento em que vi Augusto chegando. Isso foi com a visão periférica, mas eu sou tão "sortuda" que sinto a energia que seu corpo emana. Parece que conheço todos seus detalhes, que só de ver uma mecha de cabelo pessoalmente ou por foto, saberia que é dele.

Ao seu lado, o inseparável Leandro. Os dois sorrindo por causa de algo. Me remexi por dentro pensando em todas as festas, garotas, bocas… Que vão ter nessa viagem. 

Leandro estava com a blusa amarela da empresa de viagens enquanto ele com uma camiseta de manga longa cinza, calça jeans preta e um all star clássico. Tombei a cabeça, olhando para seu cabelo despenteado, cor de chocolates Lindt. 

Acabei suspirando como uma garota apaixonada da 5ª série. 

Parecendo sentir meu olhar sobre si, voltou seus olhos para mim, mesmo que brevemente e, por alguns instantes, seu sorriso sumiu.

 Agora eu causo sua tristeza. 

Despertei com a voz de Luana. Pisquei os olhos, sacudi a cabeça e coloquei um sorriso no rosto, voltando-me para ela que estava empolgada, falando alguma coisa. Ao menos elas estavam dispersas, Maria porque falava e Luana porque prestava atenção.

— Verdade — ela balançava a cabeça como se concordasse com algo que foi dito por Maria. 

— Verdade… — pronunciei em tom incerto, porque não tinha a mínima ideia do que ela havia falado. 

A professora gritou que era para que entrassem no ônibus, acabando com nosso momento. 

— Vão logo! — apressei as duas que acenaram uma última vez antes de caminhar até o ônibus da escola que as levaria até o aeroporto do estado. 

Quando sentaram-se na janela, cruzei os braços e fiquei ali, esperando a turma partir. É um pouquinho triste ser uma das únicas a ficar aqui, mas afasto esse pensamento sacudindo a cabeça.

Ouço os gritinhos animados e as risadas. Dou um último sorriso triste à elas que estão grudadas na janela me olhando. 

Quando o ônibus some no final da rua ao virar a esquina, meu sorriso vazio some e ponho-me a caminhar até em casa. Ao chegar lá, enfiei debaixo das cobertas e coloquei Gilmore Girls para passar na televisão da sala. 

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora