capítulo 33

66 11 0
                                        

parte I

Na casa do meu NAMORADO

***

Fiquei com muito medo de ir sozinha à casa de Augusto pela primeira vez para "conhecer seus pais". Ao final de muitas mensagens trocadas, ele sugeriu que meus pais fossem comigo, e eu aceitei na mesma hora, porque o que ele tem de coragem, tenho de covardia.

Fiquei momentaneamente feliz com aquela óbvia solução, mas depois me senti mal também, porque quero conseguir fazer as coisas por mim mesma e sozinha, mas acaba que sempre fico aliviada quando vejo que não vou passar por minutos de agonia e ansiedade, e sempre acabo optando por ir pelo caminho simplificado.

Tentando não pensar muito sobre isso, vesti o melhor vestido que encontrei para a noite, um vestido de chiffon soltinho de cor azul marinho - minha segunda cor preferida depois do tom de verde existentes nos olhos de Augusto -, depois de tomar um banho quentinho e relaxante que melhorou meu ânimo. Pensei em não lavar o cabelo, mas eu precisava lavar minha alma, então molhei-o, e agora ele estava quase todo seco.

Fiquei indecisa sobre qual sapato usar, mas por fim escolhi um tamanco preto de plataforma.

Depois que terminei de passar o hidratante e meus perfumes, passei a parte vermelha do meu brilho/batom em formato de morango, deixando meus lábios avermelhados. Em seguida, peguei minha bolsa branca de crochê com lacres que minha mãe comprou de uma colega sua que trabalha com artesanato. Acho ela linda com roupas de cores escuras como o vestido em que estou agora.

Estou ali olhando meu reflexo no espelho quando ouço o grito da minha mãe lá do andar de baixo.

— JÚPITER! — ela fez uma pausa, provavelmente, pegando fôlego — VOCÊ QUER IR A CASA DOS PAIS DO AUGUSTO, PELA PRIMEIRA VEZ COMO NORA E AINDA CHEGAR ATRASADA?

Pelo volume de sua voz, sabia que ela estava no início da escada e que, se não descesse rapidamente, ela subiria para falar ainda mais, tipo assim pelo resto da minha vida.

Minha mãe não pode ver um "eu avisei" dando sopa, que ela já quer pegar ele pra ela para falar eternamente. Então eu tenho que ficar esperta para não bobear.

Arregalei os olhos e olhei o relógio que marcava 19:30 da noite. Fui ao guarda-roupa uma última vez, peguei meu perfume e espirrei no ar, entrando no meio das gotículas logo em seguida.

Eu sempre gostei de passar perfume assim, a sensação de refrescância é muito boa.

Fechei o guarda-roupa, após colocar o perfume no local onde estava antes, mas quando estava perto da porta do quarto para sair, voltei quando lembrei de algo muitíssimo importante - frisa-se o muitíssimo - minhas balas icekiss, sabor de uva, eleita por mim a melhor de todas. Desembalei uma, ouvindo o farfalhar do plástico laminado e joguei dentro da boca. Hoje o beijo seria com gosto de uva.

...

Nós fomos caminhando, já que a casa do Augusto é perto da minha, apenas algumas ruas de distância, mais especificamente, duas. Seria desperdício ir de carro.

Foi bom sentir o frescor da noite em minha pele, me fez ficar relaxada. Olhei as estrelas sobre nós, lindas e brilhantes no céu escuro quase preto.

A noite estava um pouco nublada, fazendo com que a lua envolta pela névoa branca me lembrasse a abertura dos filmes de animação do estúdio DreamWork's, em que há um garoto sentado na lua pescando algo que não me lembro o que é.

Todos meus pensamentos foram esquecidos quando vi que estávamos em frente ao grande portão de madeira escura e envernizada da casa dele e, literalmente, tremi nas bases.

2002Onde histórias criam vida. Descubra agora