Conversa constrangedora
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Enquanto visto a saia do uniforme, penso em como gostaria de fazer uma revolução por causa dele. Ele é tão ridículo e estúpido. Os alunos ficam parecendo meros patetas com essas roupas.
Como me falta coragem, permaneço como espectadora, mas se alguém começar uma, vou apoiar. Calcei meus sapatos com indignação, pelo fim de semana ter passado tão rápido. Queria ter perdido a hora e ter ficado em casa pelo resto da semana, mas seria muito suspeito.
Fui caminhando até a escola, quando cheguei lá e fui para sala, não havia ninguém. Depois de um tempo, chegou mais uma menina, ficamos nós duas esperando. Quando o relógio da sala marcou 7h08min, fiquei preocupada.
— Você sabe se vai ter aula mesmo? — perguntei para a Joana, uma garota de cabelo preto e liso, sentada próximo a mim.
— Não sei viu. Já era pra todo mundo ter chegado — respondeu com as sobrancelhas franzidas e nariz contorcido.
— Sim
Assim que respondi, Luana entrou pela porta com a respiração ofegante e falou:
— A aula vai ser na sala de cinema. Pensei que você sabia, Jú, mas como vi que você não estava lá, vim aqui verificar
— Ah, tá. Não sabia — respondi com impaciência velada.
Talvez eu não deveria ter ficado com raiva, mas fiquei, somando ao meu estresse habitual, fiquei insuportável.
Respirei fundo ao me levantar e puxar minha mochila da carteira.
Posso ser cismada demais ou algo assim, uma chata, mas sempre quando tem alguma situação assim, fico preocupada com as meninas, lembro quando esquecem de uma prova, passeio, atividade etc e quando é comigo, elas esquecem ou sempre presumem que eu já sabia, porque estão mais preocupadas com os namorados ou com as brincadeiras do pessoal da sala.
A Luana viu pela minha cara que não gostei, então começou a explicar enquanto caminhava ao meu lado.
— Amiga, desculpa! Não tinha visto que você não estava na sala e quando reparei, vim aqui.
— Está tudo bem, não precisa ficar se explicando. Obrigada, por ter avisado! — respondi, suavemente.
Andei mais a frente, não querendo conversar. Subimos as escadas para a sala de cinema, entrei em silêncio, porque o filme já estava passando, me sentei em uma cadeira mais a frente.
O bom é que as meninas gostam de sentar no fundo, então elas não vão ficar me enchendo.
Estava tão irritada que nem olhei para os lados para saber quem estava na sala. Atentei-me à "Sociedade Dos Poetas Mortos''.
O filme até que é bem legal, mas bem triste também. Quando a professora dá de passar filmes desse tipo, tenho que ficar me esforçando pra não chorar, mas é difícil.
Quase um hora depois, as luzes foram acesas. A professora falou algumas informações sobre o enredo, prestei atenção a sua fala. Não porque não queria olhar para as meninas ou conversar com elas, mas porque gosto de ouvir as outras pessoas falarem.
— Oi — "alguém" disse baixinho em meu ouvido.
Minha nuca se arrepiou assim como meus braços.
— Olá e que susto você me deu! — sussurrei.
Ele sorriu e pediu desculpas. Esqueci tudo que comentei sobre o uniforme, se for pra ver ele com a camisa social branca todo dia, posso aturar essa saia horrorosa.
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2002
Romancelola | © 2021 SINOPSE: Júpiter está apaixonada por seu "melhor amigo" há não sei quanto tempo, na verdade, ela sabe as horas exatas de cada dia em que passou pensando nele, Augusto Vettel. Ele mudou-se para a Áustria com sua família há algum tempo...