— Não temos nada para conversar!
Elas me olham abismadas, tendo de fato a consciência de que as coisas não estão bem.
— Seria muito melhor se você parasse de graça e falasse logo o que está acontecendo — Lu revirou os olhos, tomando a frente da situação.
— A questão é que eu não estou com vontade, beleza?! — respondi petulantemente, fingindo estar calma quando estava tremendo por dentro e fazendo um esforço tremendo para não deixar que a tremedeira ficasse visível.
— Então faz o que você quiser! — colocou o cabelo atrás da orelha e desviou o olhar para o lado — Eu cansei desse drama todo. O mundo não é um filme e você não é a protagonista! — disse alto e eu me encolhi assustado.
Olhei para os lados e, por sorte, não havia ninguém por perto. Os meninos estavam na outra escada da entrada da igreja conversando alto e rindo, completamente distraídos.
— A gente sempre tem que ficar pisando em ovos com você!
Enquanto ela falava, Maria abraçava a si mesma cabisbaixa.
— Então que bom, porque eu não quero mais ser amiga de vocês. Agora estão livres da pessoa dramática que eu sou — falei e me calei, os olhos já estavam com lágrimas até a borda.
— Perfeito! — definiu, agarrou o braço de Maria e a puxou para ir consigo.
Levei meu olhar ao céu, passei a mão nos olhos e fiquei ali, sentindo o vento bater no meu rosto, secando as lágrimas que não caíram. Ouvi passos atrás de mim e suspirei fundo, erguendo meus ombros.
— Está tudo bem?
Sorri para ele.
— Está sim!
Augusto me analisou com atenção.
— Sério mesmo? As meninas desceram e você ficou para trás — apontou com o polegar para atrás de si.
— Tudo certo, eu só queria ficar mas um pouco e olhar o céu... a vista
Guto sorriu e se aproximou mais, envolvendo-me com seus braços firmemente. Sua cabeça encostou no topo da minha cabeça e ficamos abraçadinhos. Suspirando, ele esfregou as mãos em meu braço e beijou minha cabeça.
Após segundos de um silêncio reconfortante:
— Vamos?
Olhei para cima, encontrando seus olhos ainda mais verdes do que em dias comuns. A claridade que o céu trazia dava a eles um destaque especial, uma beleza ímpar.
***
— Licença — pedi assim que entrei na sala de sua casa. Desta vez, além da irmã, marido e sobrinho, estavam duas garotas e um rapaz, amigos de Sindy.
Acenei timidamente para eles ao entrar com Augusto. Por sorte, nos cumprimentaram e deixaram a gente em paz, sem fazer brincadeirinhas.
Segui Augusto com a cabeça baixa enquanto passávamos atrás do sofá. Fomos à cozinha cumprimentar sua mãe e seu pai.
— A gente vai ficar lá em cima — avisou.
— Tudo bem. O almoço está quase pronto
Ele se aproximou de sua mãe e beijou o rosto dela, abraçando-a por trás logo em seguida. Sorri assistindo a cena.

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2002
Romancelola | © 2021 SINOPSE: Júpiter está apaixonada por seu "melhor amigo" há não sei quanto tempo, na verdade, ela sabe as horas exatas de cada dia em que passou pensando nele, Augusto Vettel. Ele mudou-se para a Áustria com sua família há algum tempo...