PAZ
Liza
Li as primeiras páginas do livro, até ser interrompida novamente por uma voz terrível me chamando. Procurei à minha volta, mas não encontrei nada.
Eu estou no Penhasco? Em que momento eu dormi?
Mal senti meus pés tocarem o chão. Nem tive tempo de abrir os olhos. Quando pisquei, Nathaniel me puxou pela cintura e me atacou com seu beijo possessivo, dominador.
Completamente zonza, retribui o beijo. Inspirei com força e meu corpo formigou com aquele cheiro, com aquele gosto, que só os lábios dele possuíam. Sentia-me como se pudesse explodir a qualquer momento. Meus batimentos, fortes e acelerados, vibravam em cada extremidade do meu corpo.
Nathaniel encostou-me na árvore, entrelaçou nossos dedos e elevou meus braços acima da minha cabeça. Através de sua pele percebi sua pulsação acelerada, no mesmo ritmo da minha. Dois corações que batiam e existiam um pelo outro. Se um parasse de bater, o outro também cessaria. Eu queria muito intensificar o abraço. Mas gentilmente, como da primeira vez, ele começou a se afastar quando me entreguei demais. Quando eu estava com ele, perdia todo o meu autocontrole, fazia tudo sem pensar.
Eu precisava deitar. Minha cabeça girou. Percebendo isso, Nathaniel passou um braço por trás dos meus joelhos e o outro por trás da minha cabeça. Pegou-me no colo como se eu fosse uma pena e sentou-se debaixo de nossa árvore. Ainda me segurando, se recostou no tronco e me manteve ali, aninhada em seu corpo.
Eu não conseguia falar, nem queria. Com ele não era necessário. Ficamos em um silêncio confortável durante certo tempo. Apenas nos encarávamos, em uma devoção mútua. Os olhos dele pareciam ter o brilho de quem via o mar pela primeira vez.
Era engraçado como o fato de saber tão pouco sobre ele não me influenciava em absolutamente nada. "Temos todo o tempo para isso", disse a mim mesma. E não iria a algum lugar sem ele. Nossos momentos eram tão curtos, eu não desejava desperdiçá-los com minhas milhares de perguntas. Sua mão entrelaçada na minha, só reafirmava o que eu já sabia: era por isso que eu existia.
Passando um dedo no meu rosto, ele falou com sua voz marcante:
— Você me olha, como se visse o sol pela primeira vez.
— Não. — Sorri. Minha voz saiu meio rouca, pois estava há algum tempo sem usá-la. — A sensação de ver o sol pela primeira vez não se compararia ao que eu sinto agora. E você me olha como se presenciasse algo majestoso — acrescentei.
— Não — disse da mesma forma que eu. — Eu estou vendo algo maior... Maior que a criação do Universo, Terra, Céu, Mar. — Beijou um dedo da minha mão a cada elemento que citava. Divertiu-se, ao ver meu braço arrepiar a cada vez que o fazia.
Eu não imaginava que ele me mantivesse em um padrão tão elevado, quanto eu o mantinha.
Mas quando sonhamos, não é tudo perfeito e possível?
Minha única certeza era a de não querer acordar.
— Posso fazer uma pergunta? — falei. Eu o sentia tão intensamente que perdia todas as minhas forças.
— Qualquer coisa. — Ergueu a sobrancelha, me pareceu curioso.
— Por que me bloqueou e de repente me trouxe aqui?
— Achei que fosse me perguntar isso. Eu fiz para o seu bem. Você não deveria vir aqui todos os dias, mas sou um fraco. Não resisti e a trouxe.
— Ficar longe de você não é algo que me faria bem... — Meio emburrada, me perguntei por que ele insistia com aquilo se sabia como eu me sentia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Penhasco - Livro 1 - Completo
FantasySinopse: "Teria sido uma noite como qualquer outra, se ele não tivesse aparecido. E se eu não estivesse completamente sozinha. Com um estranho em um Penhasco e sem lembrar de como fui parar ali. Me assustei quando ele se materializou à minha frente...