Capítulo 37

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DESCONFORTO

Nathaniel


A cena me desesperou. Fitei o quintal iluminado e olhei incrédulo para o chão. Liza estava caída no chão com Ethan ajoelhado ao lado dela

- Liz! - Assim que me aproximei, puxei Ethan pela gola da camisa. Ele caiu desajeitado atrás de mim.

Meu corpo estava em chamas, nunca imaginei que sentiria tanto ódio de alguém! Abaixei-me e passei a mão no rosto de Liza, meu toque não a despertou.

Por Deus, ela está gelada.

- O que há de errado com ela? - esbravejei para Ethan as minhas costas.

- Por que eu saberia? Agora você acusa seus amigos? Estávamos conversando e ela desmaiou. Do nada.

- Vou levá-la para cima.

Passei um braço por trás do pescoço de Liza e com o outro por trás de suas pernas, a levantei.

- Eu ajudo. - Ethan esticou o braço para tentar segurar Liza. Afastei-o com o pé e o vi cambalear para trás. A ideia das mãos dele sobre a pele dela me repugnou. Eu estava cego. Se ele me provocasse, eu perderia o controle.

- Eu cuido disso sozinho. Acho que passou da hora de você ir embora, Ethan. - Acrescentei depois de entrar na casa e subi as escadas.

- Sim, claro. Bom... ligo mais tarde, para saber de Liza.

- Desnecessário. Ela não precisa de você. Estou bem aqui.

- É... ok... Então...boa noite.

Fechei a porta do quarto de Liza e a deitei na cama.

Eu a observei apreensivo pelo que me pareceu muito tempo. O tempo se arrastava e levava com ele todo o meu autocontrole. Eu não sei o que faria se algo acontecesse a ela. Eu perderia a cabeça facilmente.

Sentei no colchão ao lado dela e acariciei as maçãs de seu rosto. Meu toque não surtia nenhum efeito. Verifiquei sua temperatura. Aparentemente normal. Liza parecia presa em alguma espécie de pesadelo, vi em seus pensamentos. Peguei o telefone para chamar um médico, quando a ouvi se remexer na cama.

- Minha pequena, você está bem? - Ajoelhei-me ao lado da cama para ficar na altura do rosto de Liza.

Ela franziu o cenho e passou a mão pela testa.

- Que bom que você voltou! - Liza sorriu para mim, inocente como uma criança.

Como mesmo nessas condições, ela conseguia me olhar como se eu fosse bom demais para ser verdade? Um presente antecipado? Ela reagia como se sentisse grata por eu estar ali, como se não fosse merecedora de mim.

- Você está bem? Acho melhor vermos um médico. Ele te machucou? - perguntei aflito, ansioso.

- Quem? Ethan? Não, imagina! Está tudo bem, só estou com um pouco de dor de cabeça. O que aconteceu?

- Você não sabe?

- Não me lembro. Deveria? Aconteceu alguma coisa errada? - Liza se aprumou na cama e seu tronco cambaleou. - Eu me levantei e sentei atrás dela. A puxei para que recostasse em meu peito.

- Não, Liza. Você desmaiou, deite-se agora. Relaxe. Não aconteceu nada.

- Hummm... - murmurou preguiçosa e se aconchegou em mim. - Como você é quente e macio.

- Gostou do novo travesseiro? - Fiquei aliviado ao notar que a cor voltava ao rosto dela. - A propósito, Feliz Natal, Liz!

- Esse é o melhor dos travesseiros. Feliz Natal, anjo! - Ela respondeu e virou-se para mim, sorridente. - Nunca pensei que diria essa frase e que seria verdade! - concluiu estonteante.

O Penhasco - Livro 1 - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora