Capítulo 17

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REVELAÇÃO

Liza

Pela terceira vez naquela semana, fui ao Penhasco em busca de respostas. E pela terceira vez, me vi sozinha.

Por que você desapareceu logo depois do nosso encontro? Logo depois de eu ter me convencido de que você é real?

Hoje completavam seis dias desde o nosso encontro no Pallais. Desconfiei que ele me observasse de longe, como se não tivesse coragem de se aproximar. Eu estava tão irritada... Fui incapaz até de apreciar a minha paisagem favorita. Se não fosse o zumbido calmante do vento e das ondas quebrando com força nas rochas lá embaixo, o Penhasco estaria silencioso

Frustrada, voltei para casa e desci para comer. Mastiguei as almôndegas, imersa em questionamentos. Minha mão esquerda sustentava minha cabeça, enquanto eu batia com o garfo no prato. A carne poderia ter gosto de madeira, que eu não perceberia.

Ouvi o ruído de um passo muito suave no piso frio.

Segui o som e fitei a soleira da porta.

Meu batimento cardíaco acelerou brutalmente, vibrou em minhas costelas. Engasguei com o jantar ao ver alguém me observando da porta da cozinha. Tossi dezenas de vezes, sufocada. Cabelos negros e sedosos, olhos verdes como esmeraldas. Seu rosto esculpido me fitou apreensivo da porta. Ele estava ali, com sua beleza indescritível. Vestia uma camisa de botão branca, realçando seus músculos do peitoral, calça social preta e sapatos de couro. Pronto para uma ocasião especial, apesar de eu ter certeza, de que sua aparência faria qualquer roupa parecer um mero pedaço de pano.

Por que está tão arrumado? E o que faz aqui?!

Vendo-me engasgada, em dois segundos Nathaniel chegou ao meu lado na mesa e colocou uma mão em minhas costas.

— Você está bem? Quer água?

Como ele pode reagir de maneira indiferente quando está aqui?! Na minha cozinha! Depois de seis dias sem notícias! Será que eu estou sonhando?

Não. A mão dele em minhas costas era real. Tive vontade de fechar os olhos e deixar a sensação morna se espalhar pelo meu corpo, como todas as outras vezes. Seus olhos esmeralda brilharam para mim.

Ele demonstra sincera preocupação, apenas porque tossi algumas vezes. Acho que devo ter quebrado o prato e o copo. Tenho quase certeza de ter ouvido alguma coisa se rachando no chão.

Passei uns dois minutos com a boca em "O", o cenho franzido, muda, e olhando para ele.

Ouvi a voz de Raquel, junto ao som do seu sapato enquanto ela descia as escadas. Ela entrou na cozinha e eu saí do estado de choque, atingida dolorosamente por um balde de água fria:

— Nathaniel, você chegou cedo! Mais cinco minutos e eu estarei pronta!

Raquel estava perfeitamente maquiada, com os cabelos pretos e volumosos presos no alto, e usava um de seus melhores vestidos, azul cobalto, da cor de seus olhos. O contraste do azul ressaltava a sua pele branca como porcelana e marcava a sua cintura fina. Linda!

— Sem problemas. Enquanto isso, eu terei tempo para conhecer sua irmã — escutei Nathaniel responder, mas não acreditei. Eu devia estar presa em alguma espécie de universo paralelo.

Raquel deu de ombros, como se eu não fosse alguém interessante para se conhecer, e voltou ao seu quarto para terminar de se produzir.

O meu Nathaniel, o meu sonho, a minha promessa de felicidade, a minha única chance de ser feliz, está ali para sair com Raquel? E por que ela se produziu desse jeito? É um encontro? Só pode ser um pesadelo. Primeiro, ele age como se não me conhecesse, como se tudo que aconteceu fosse apenas a minha imaginação. E agora, isso!

O Penhasco - Livro 1 - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora