DOR
Delegado Machado
— Ana! Pelo amor de Deus! O que há de errado com você? O que está acontecendo? Não
vê que Raquel vai matar esse garoto? Faça alguma coisa!
Como delegado, ele já havia visto praticamente de tudo. Mas a verdade é que todo aprendizado
e qualquer experiência que alguém pode ter, vai para o lixo quando a vida de alguém que nós
amamos corre perigo.
Ele ainda não compreendia o que seus olhos presenciavam. Parecia se tratar de um ritual.
Eu acabei de ver dois homens desaparecerem na minha frente, e não estou louco!
O pior foi assistir Liza morrer. Parado como um fraco, um velho impotente. Isso nunca lhe
aconteceu antes, mas ele não poderia ter arriscado a vida da sua filha. Ana descobriu a melhor arma
para ameaçar o delegado: Ela mesma. Ele perdeu todo o ar ao vê-la uma faca no próprio pescoço,
quando fez menção de se aproximar. Ele precisava remover o pobre garoto desmaiado dentro daquele
círculo de fogo. Raquel ainda espalhava sangue a sua volta e falava palavras desconexas.
O Delegado Machado lutava para encontrar uma solução, mas Ana apertava tanto a faca
contra si mesma que qualquer movimento dele poderia ser fatal. Estava desesperado.
Não sabia sequer com o que lidava para tentar persuadi-la a seu favor.
— Não se mexa senão eu me corto! — Ela enterrou mais a lâmina em si quando o viu colocar
a mão dentro do bolso. Precisava conseguir reforço com o rádio, pegá-la de surpresa.
Levantou as mãos em rendimento à sua ameaça e as manteve paradas próximas ao meu corpo
mais uma vez.
Ele se obrigou a observar a cena como um delegado, ao invés de um pai desesperado. Algo
naquela situação se assemelhava demais a um dos casos que voltou a investigar. Duas jovens menores
de idade, o terror no olhar do garoto, como se sua alma tivesse abandonado seu corpo por puro medo.
Ele reconhecia aquele horror, não era uma coisa fácil de esquecer. A semelhança com os três últimos
casos de semanas atrás. Jovens encontradas mortas no banheiro do Outlet, próximo a Winterhill.
Ambas com morte causada por infarto fulminante, ambas nascidas em 06 de junho. Ele se negou
a ver, já que o suposto assassino estava morto.
Até que olhou para o jazigo e observou o desenho em relevo. A mesma orquídea negra, maldita,
encontrada junto do corpo de todas as vítimas. E tudo fez sentido. Acusaram a pessoa errada.
Não foi Gilbert que acabou com a vida daquelas meninas em Los Angeles há quinze anos. O monstro
procurava a garota certa. E ele colocou sua filha nas mãos dele.
Parece que vai conseguir, enfim, a sua promoção, seu idiota.
***
Liza
— Raquel! Porque isso está demorando tanto? Faltam três minutos para a meia-noite!
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O Penhasco - Livro 1 - Completo
FantasySinopse: "Teria sido uma noite como qualquer outra, se ele não tivesse aparecido. E se eu não estivesse completamente sozinha. Com um estranho em um Penhasco e sem lembrar de como fui parar ali. Me assustei quando ele se materializou à minha frente...